Monday, June 21, 2010

Aldeias de Xisto

Encontraram-se na aldeia de Perdigão, numa qualquer manhã de sol, como se fossem dois jovens namorados, dois amantes fugitivos, seus corações batendo como se fosse mais uma primeira vez, os rostos denunciando um sorriso cúmplice.
Seguiram por uma estradinha secundária, serra acima, pequenas aldeias aqui e além, comeram cerejas pelo caminho, pararam para ver o rio, estudar o mapa...
Em Álvaro, aldeia de xisto referenciada pensavam almoçar e fazer uma visita. Mas logo mudaram de ideias : o local tem pouco interesse, o restaurante junto do rio nada tinha para comer e andaram muitos kilometros até conseguirem petiscar qualquer coisita.

Depois, detiveram-se na Fraga da Pena, fizeram todo o percurso das cascatas, beberam água da serra , molharam os pés como se fossem de novo crianças, encantaram-se com a beleza do local
desceram aos antigos moinhos


contemplaram as pequenas flores dos montes


e seguiram até Piodão, a serra toda ornada de turbinas eólicas


No dia seguinte, rumaram à Lousã e tomaram a direcção da placa Aldeias de Xisto, uma estradinha de montanha, estreita mas alcatroada, isto é, o alcatrão desapareceu após os primeiros metros e passou a terra batida esburacada, nalguns locais de muito dificil acesso.
No entanto, a paisagem envolvente era magnifica e não desistiram, sobretudo depois de avistarem muito ao longe o Talasnal, aldeia serrana que se perde na memoria dos tempos, mas cujos primeiros habitantes se teriam aí fixado em meados do séc XVI.


Chegar aqui é uma verdadeira aventura, a aldeia praticamente deserta - um brasileiro a arranjar o carro e que informou que ninguém lá habitava; o senhor do Café onde se podem provar licores caseiros, bolinhos de castanha e amendoa e comprar algumas ervas de cultura biológica. Visitaram uma das casinhas onde é possivel pernoitar e lamentaram não ter ficado por ali.


Numa outra rua , estavam três gatos - um preto, um malhado e um amarelo que ficou na esquina . Ela deu-lhes do que tinha para comerem e por ali ficaram, pouco habituados a visitantes .
O Talasnal e outras aldeias por perto , foram reconstruidas com fundos comunitários e comparticipação da Câmara da Lousã. A estrada de acesso está impraticavel em muitos locais. Os últimos habitantes morreram ou abandonaram o local, devido à falta de condições. As aldeias foram recuperadas , têm luz, têm água, ruas e vielas, têm Turismo de Habitação e até um restaurante. Mas os actuais donos das casas moram em Coimbra ou Lisboa. Só há indicações para os percursos pedestres (diga-se a verdade que talvez seja mais prático e mais rápido). Mas um projecto desta dimensão não merecia outro empenhamento dos organismos oficiais, do Turismo, das Câmaras envolvidas ?

2 comments:

Anonymous said...
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João Roque said...

Só conheço o Piódão, uma autêntica maravilha.