Sunday, July 27, 2008

Burros






...tudo em Sintra é divino. Não há cantinho que não seja um poema. Olha, aquela florinha azul...
Iam ambos caminhando por uma das alamedas laterais, verde e fresca, de uma paz religiosa, como um claustro feito de folhagem. O terreiro estava deserto a erva que o cobria crescia ao abandono, toda estrelada de botões de ouro brilhando ao sol e de malmequerzinhos brancos.
- Vamos indo primeiro à Lawrence. E depois , se quizermos ir à Pena, arranjam-se lá os burros.
Defronte da Lawrence, os dois burriqueiros...sentados sobre um banco de pedra, ao lado dos burros, não lhes tiravam o olho de cima, cocando-os como uma presa.
Isto é sublime! - exclamou o Cruges, comovido!
(Eça de Queiroz - Os Maias)

Era sublime, de facto, digo eu... Quando ainda havia burros e se andava a pé ou ...de burro, sem necessidade de dia europeu sem carros, sem poluição, sem aquecimento global. Ia-se a banhos para Sintra , mas ia-se a ares, também

(Alencar) Tivera um daqueles ataques de garganta, com uma ponta de febre, e o Melo, o bom Melo, recomendara-lhe mudança de ares. Ora ele, bons ares, só compreendia os de Sintra: porque ali não eram só os pulmões que lhe respiravam bem, mas também o coração, rapazes!...
De sorte que viera na véspera, no ónibus.


Medicinas alternativas, sem dúvida!

Wednesday, July 23, 2008

Quinta da Regaleira





Situada em pleno Centro Histórico de Sintra, classificado Património Mundial pela UNESCO, a Quinta da Regaleira é um lugar com espírito próprio. Edificado nos primórdios do Século XX, ao sabor do ideário romântico, este fascinante conjunto de construções, nascendo abruptadamente no meio da floresta luxuriante, é o resultado da concretização dos sonhos mito-mágicos do seu proprietário, António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920), aliados ao talento do arquitecto-cenógrafo italiano Luigi Manini (1848-1936).


A imaginação destas duas personalidades invulgares concebeu, por um lado, o somatório revivalista das mais variadas correntes artísticas - com particular destaque para o gótico, o manuelino e a renascença - e, por outro, a glorificação da história nacional influenciada pelas tradições míticas e esotéricas.
A Quinta da Regaleira é um lugar para se sentir. Não basta contar-lhe a memória, a paisagem, os mistérios. Torna-se necessário conhecê-la, contemplar a cenografia dos jardins e das edificações, admirar o Palácio dos Milhões, verdadeira mansão filosofal de inspiração alquímica, percorrer o parque exótico, sentir a espiritualidade cristã na Capela da Santíssima Trindade, que nos permite descermos à cripta onde se recorda com emoção o simbolismo e a presença do além. Há ainda um fabuloso conjunto de torreões que nos oferecem paisagens deslumbrantes, recantos estranhos feitos de lenda e saudade, vivendas apalaçadas de gosto requintado, terraços dispostos para apreciação do mundo celeste.
A culminar a visita à Quinta da Regaleira, há que invocar a aventura dos cavaleiros Templários, ou os ideais dos mestres da maçonaria, para descer ao monumental poço iniciático por uma imensa escadaria em espiral. E, lá no fundo com os pés assentes numa estrela de oito pontas, é como se estivéssemos imerses no ventre da Terra-Mãe. Depois, só nos resta atravessar as trevas das grutas labirínticas, até ganharmos a luz, reflectida em lagos surpreendentes.
Ver informação mais detalhada sobre a Quinta »»

Sunday, July 20, 2008

Leonard Cohen


Nove em ponto! A hora marcada. Leonard Cohen está em palco com os seus músicos e a suas cantoras. A elegância em fatos pretos e chapéu acompanha a pontualidade quando a luz do dia ainda não deixou Lisboa. Mas o que está para acontecer vai perdurar pela noite... e por muito mais...
Foi seguramente um dos melhores concertos dos últimos tempos... e dos que estão para vir também muito provavelmente. Goste-se mais, ou menos - não é essa a questão; não é (só) um caso de gosto, pois nunca foi menos do que excelente.
Porque fazer depender a justificação para parcialidades da cumplicidade de quem não consegue deixar de «ser apaixonado» pela música do poeta-escritor-compositor-cantor quando num destes últimos 40 anos passou a tê-la entre as eleitas não é suficiente para reduzir aquilo a que se assistiu - porque, para estes, foi memorável!
«Dance me to the end of love» iniciou o bailado do gentleman Cohen cujos primeiros passos agarraram desde logo os oito a nove milhares de pessoas que estiveram no Passeio Marítimo de Algés. «The future», «Ain't no cure for love», «Bird on the wire», «Everybody knows» vincaram em sucessão what he meant: que, como diria mais tarde, «não estava ali para enganar ninguém».
Cortês e ligeiro
Cohen sublimava uma actuação brilhante com uma cortesia que repartia entre aqueles a quem, do outro lado, tratou sempre por seus «amigos» e os que o acompanhavam em palco, que sempre fez questão de nomear várias vezes durante a noite. Mas quem já viu ao longo dos seus 73 anos que nem todos os momentos são assim perfeitos tocou os sinos a rebate contra o «caos e a desordem» deste Mundo antes de 20 minutos de descanso (também escrupulosamente cumpridos) - de cujos parecia ser o último a precisar dada a ligeireza que sempre mostrou nas viagens entre palco e bastidores ora a correr ligeiramente ora a dançar.
Foram duas partes de um concerto, mas uma mesma história: um desfilar de canções que cada um há-de ter como uma das suas preferidas, tal foi a riqueza da oferta na quantidade e cuja qualidade das vozes e dos instrumentistas não deixou aquém. «Tower of song», «Suzanne», «Hallelujah», «Democracy», «I'm Your man», «Take this walz», «So long Marianne», «First we take Manhattan», «If it be your will» não esgotaram o repertório apresentado, mas a maior parte delas era suficiente para apaziguar o mais exigente .
Leonard Cohen não enganou ninguém, de facto. Nem quando chegou a altura certa de «Closing Time» anunciar a despedida. Chegavam ao fim três horas certas de um espectáculo que teve tanto de inesquecível para quem assistiu como, pelas suas palavras, para o próprio Cohen: «Thank you for this memorable evening!»
No Leonard, thank you! daqui

Thursday, July 17, 2008

Do Magoito à Aguda







A Câmara de Sintra vai reeditar, durante os meses de Julho, Agosto e Setembro, as acções sensibilização ambiental na Praia do Magoito que visam incutir nos mais novos uma forte consciência ecológica.
É nesse âmbito que foi instalado no areal da Praia do Magoito um espaço de aprendizagem e de brincadeira - a Ludoteca do Mar. Aqui, um monitor, tintas, canetas e pincéis, jogos e puzzles ajudarão os mais pequenos a construir cenários marinhos, ao mesmo tempo que darão boleia a conhecimentos sobre a “enorme despensa que é o mar”.
A funcionar diariamente entre 15 de Julho e 14 de Setembro, das 10H00 às 13H00 e das 15H00 às 18H00, estará encerrado apenas às segundas-feiras.
Além da Ludoteca do Mar, haverá tempo para realizar ateliers de sensibilização ambiental, subordinados aos temas do sol, da água e da biodiversidade marinha - “O Astro Rei”, “Água, um tesouro que vale ouro”, e “Maré Cheia de Vida”. Terão lugar nas seguintes datas: “O Astro Rei”, 16 de Julho e 2 de Agosto, das 10H30 às 12H30; “Água, um tesouro que vale ouro”, 18 de Julho e 7 de Setembro, das 10H30 às 12H30; e“ Maré Cheia de Vida”, 26 de Julho e 13 de Agosto, das 11H00 às 13H00.
Ainda no âmbito da sensibilização ambiental, realizar-se-ão percursos interpretativos no litoral “Da Praia do Magoito, à Praia da Aguda”. Vocacionados para toda a família e orientado por especialistas, ao longo de duas horas são realçados aspectos da geologia, fauna e flora do litoral e realizadas actividades relacionadas com a pesquisa do meio marinho. Terão lugar nas seguintes datas: 20 de Julho, às 9H00; 27 de Julho, às 15h00; 3 de Agosto, às 9H00; 10 de Agosto, às 15H00, 20 de Agosto, às 9H00; e 25 de Agosto, às 15H00.

Sunday, July 13, 2008

A Traviata nos Jardins do Palácio



Fazia frio e um vento gélido cortava-nos o coração, os ossos ...
Mas a iluminação deslumbrante do Palácio, a encenação , o palco improvisado nestas escadarias e as vozes poderosas dos cantores que entoavam La Traviata não nos fizeram arredar pé.
Muita gente a assistir , o anfiteatro repleto de gente de todas as cores e idades, vestuário muito diverso que no final estava coberto por belas mantas vermelhas que a organização vendia a 10euros cada - parecia uma confraria ou as opas vermelhas que antes se viam nas procissões da Senhora da Saúde, mas dos mais velhos aos mais novos, dos mais simples aos mais trajados todos foram buscar a manta vermelha para se cobrir.

O espectáculo foi feérico , as vozes maravilhosas , a interpretação excelente.!!
À entrada , ofereceram-nos pequenas tabletes de chocolate e um barzinho instalado nos jardins , alumiado com lanternas de velas, fazia as delicias de quem procurava uma bebida bem quentinha. O convivio com os amigos de longa data fez o resto e passava bem da uma da manhã quando regressámos a casa. Valeu a pena!!

Thursday, July 10, 2008

Feiras em Sintra




... de 4 a 6 de Julho, Sintra vai recuar no tempo e recebe em S. Pedro, no Largo D. Fernando II, uma Feira Medieval. Música, malabarismo, gastronomia, teatro, artesanato e artes circenses. Tudo isto e muito mais na sexta-feira das 17H00 às 23H30, sábado e domingo das 15H00 às 23H30.
Com os Torneios Medievais a Cavalo, a 12 e 13 de Julho, das 15H00 às 20H00, no Largo do Palácio Nacional de Sintra, irá recriar-se um acampamento militar do séc. XII, onde decorrerão torneios a cavalo e a pé e onde actuarão malabaristas, acrobatas, cuspidores de fogo, jograis, mendigos e videntes.
A encerrar esta Rota das Feiras, realizar-se-à a Feira Setecentista, entre 25 e 27 de Julho, no Largo do Palácio Nacional de Queluz. A ideia é recriar uma feira do séc. XVIII, com artesãos, muita animação e pequenos espectáculos teatrais e musicais.
Horário: sexta-feira das 17H00 às 23H30, sábado e domingo das 15H00 às 23H30.

Monday, July 7, 2008

um trote cerrado na estrada de Rio de Mouro



Fiz esta manhã um trote cerrado na fragosa estrada de Rio de Mouro. Com o tempo encoberto, as charnecas do sopé da Serra de Sintra, quanto a desolação e negrura, nada ficam a dever às mais sombrias da Cornualha ou do Dique do Pico do Diabo. (…) Precisamente quando nós chegávamos a Rio de Mouro, entrava o Sol no ocaso, entre novelos de nuvens, e as charnecas, no sopé da Serra de Sintra, todas cobertas de urzes em flor, iluminadas pelos seus últimos raios , cobriam-se de ricas sombras violetas, as quais, à medida que a noite avançava, iam mergulhando em profunda escuridão”
William Beckford, Diário, 1787
pg 203