Wednesday, April 22, 2009

Novo canil municipal em Sintra








A Câmara Municipal de Sintra aprovou no dia 15 de Abril, em reunião do Executivo, a adjudicação da construção de novas instalações para o Gabinete Médico Veterinário Municipal.
Dada a precariedade das actuais instalações e com o objectivo de criar uma infra-estrutura que cumpra as normas europeias relativas ao bem-estar animal, a autarquia decidiu construir de raiz um novo canil municipal no concelho de Sintra.

Assim, a câmara deliberou adjudicar a obra, orçada em 1.530.000€ + IVA (1.480.000€ para a obra e 50.000€ para os projectos) que deverá ter início ao longo do próximo mês de Junho e ficar concluída até final deste ano.

O actual canil, que serve de abrigo a centenas de animais abandonados, irá manter-se activo no mesmo local, até as novas instalações estarem completamente concluídas em terrenos adjacentes, situados no espaço ocupado pelo desactivado Matadouro de Sintra (entre o actual canil e a Polícia Municipal).

Com um total de 7.990 m2 de área, as novas instalações deverão distribuir-se da seguinte forma:
área médica/administrativa e serviços 675 m2
área de sequestro e quarentena 503 m2
área de triagem 65 m2
área para animais grandes 120 m2
átrio de serviço 100 m2
alojamento de cães (adopção) 895 m2
gatil 82 m2,
maternidade 47 m2
áreas comuns 1.793 m2
área de implantação 3.710m2

Friday, April 17, 2009

Primavera


Primavera
Cecília Meireles
(Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366 - Fonte: site Simplicidade Voluntária)

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
Postado por Angela Ursa às 2:24 AM : basta clicar ANGELA

Monday, April 13, 2009

Dançando à chuva



Dançando fora do corpo na chuva::
(E Rindo com os Espíritos, Por Aí...)
Chove nas ruas de minha cidade.
Chuva forte, que lava mais do que o chão.
E eu danço na noite...E é dança forte, como a chuva.
Danço pensando na luz.Olho a chuva e penso no amor.E meus pés ganham asas...
Já não sou mais um menino.
Mas, o meu coração é criança.
Olho além da noite, e vejo a luz.
E minha dança me leva além das ruas...
E eu vejo outros, também dançando na chuva.
Eles deslizam, por entre os planos da vida.E me pedem para falar da dança deles.
E eu esfrego os meus olhos, enquanto a chuva cai...
Eles riem e atravessam os carros e a chuva.
E me dizem que sua dança exonera das dores.
Eu danço com eles, mas ninguém vê.
Varro a noite rodopiando com os espíritos.
Só a chuva é nossa testemunha.
E como eles dançam!
E que alegria!
Rindo, eles me falam das estrelas.
E que a morte não mata ninguém.
Ah, eles estão mais vivos do que nunca.
Vieram com a chuva, para lavar meu espírito.
Rindo, junto com eles, eu agradeço a chuva.
Então, eles seguem dançando no meio da noite...
Para partir as correntes de outros espíritos.
E eu danço de volta para o meu corpo.
A chuva que cai é nossa testemunha.
E a dança da vida continua, aqui e além...
P.S.: Enquanto a chuva cai lá fora, os espíritos dançam.E eu fico aqui, pensando no amor e na luz.Pois eu sei que tem muita gente dançando nas pistas do infinito...
Enquanto correntes se quebram invisivelmente nas ruas da Terra.
Sim, e a chuva lava e leva antigos males, na dança da natureza.
Chove, chuva...
Segue lavando a noite dos homens tristes e sem fé!
Eu sei que, acima das nuvens escuras, brilham as estrelas.
E, além, os espíritos dançam, vivem, riem, amam, e seguem...