Sunday, February 28, 2016

Neve na aldeia





e de repente, não mais que de repente a neve cobriu a aldeia, a serra , os caminhos...
começou por volta das quatro da tarde , sempre a nevar até depois do jantar , seriam umas dez horas
a televisão ficou sem sinal, tal a camada de neve que a antena tinha
não se podia andar na rua, não apenas pelo frio mas pela argamassa que a neve fazia na calçada
a estrada tornou-se escorregadia e perigosa para os carros
nada mais havia para fazer senão ficar à lareira, no aconchego da casa 

Wednesday, February 17, 2016

Sunday, February 7, 2016

Porto Brandão e o Lazareto

 O dia estava meio fosco, acinzentado com algumas abertas de sol. 
Decidimos ir até Belém ver o rio, ver os barcos.
 O mar estava calmo e não havia vento. E se apanhássemos o barco ?
 Há tanto tempo que não o fazemos ...
 Havia barco ao meio dia . Daí ao Porto Brandão são uns quinze minutos. 
Antigamente , apanhava muitas vezes o barco , em Belém, mas directa à Trafaria para  depois apanhar um autocarro atè à Caparica. Ainda não havia Ponte e nem tinha sequer idade para ter carro.
 Reparei no edificio em cima do morro que logo chama a atenção de tão abandonado que está , mas sobretudo pela localização e grandiosidade. Foi em tempos  um Lazareto, isto é :
 "Edifício próprio para as quarentenas, isolado e destinado a receber e a desinfectar as pessoas e os objectos provenientes de lugares onde reine uma doença epidémica ou contagiosa"
 Em 1867. o governo decidiu reconstruir o antigo edificio (do tempo de D Sebastião) atendendo às péssimas condições em que o mesmo se encontrava. Ali se introduziram os melhoramentos apropriados a estabelecimentos deste género, especialmente no serviço de desinfecção e de reverificação de bagagens, sendo a estufa destinada a este fim dotada dos aparelhos mais aperfeiçoados. Do Porto Brandão à antiga Torre Velha havia construções para a desinfecção, vigia e hospedagem. Em baixo, há uma doca que margina um cais onde estão os armazéns da alfândega. A seguir às arrecadações da alfândega por detrás delas, ao nível do cais, entre rochas a pique e a subida às quarentenas, estão os chamados armazéns, que são vastos recintos onde se penduram roupas e se abrem as bagagens destinadas à beneficiação, que é feita conforme a viagem. As beneficiações são pelo ar por meio de ventoinhas mecânicas, ou pelo calor nas estufas Geneste & Herscher, ou pelo ácido sulfuroso. A subida às quarentenas é por uma escada de mosaico e dali se desfruta um bonito ponto de vista, muito vasto, descobrindo-se um panorama de Lisboa, de grande efeito No alto está o hospital, enfermaria de isolamento com destino a enfermos suspeitos,
  A edificação semicircular está dividida em sectores, cada sector constitui uma quarentena, e cada quarentena é por assim dizer um hotel independente e isolado, com muita luz, muito ar, com livre entrada por muitas janelas, quartos de dormir, salas de jantar, tudo bem mobilado. A cada quarentena está anexo um pátio exterior mais ou menos ajardinado.A cozinha é um monumento célebre. Conta-se que na Península não há nenhuma que lhe iguale. Pode alimentar por dia 1.000 pessoas. E só o fogão monstro custou 1.000 libras esterlinas. As comunicações da cozinha com os isolados são feitas por meio do habitual sistema de rodas...(Portugal - Dicionário Histórico)
Era assim há cento e cinquenta anos . Entretanto o edifício degradou-se após um incêndio , deixando de ter a utilidade para a qual foi construído. No entanto , a Casa Pia de Lisboa alojou lá enquanto possível muitos retornados de África, após a independência das colónias.
Hoje, fica apenas  o abandono total, o cais vazio e o reflexo da pesca artesanal na calmaria do Tejo...