Sunday, June 29, 2008

Parrameiros em Dia de S. Pedro

Hoje , feriado de Sintra e dia de S. Pedro apetecia-me ir à Feira e comprar Parrameiros. À falta de melhor , tentei fazer um post sobre eles e nas pesquizas de fotos encontrei um texto delicioso que logo resolvi roubar. O dono andou pelas mesmas paragens que eu e conta histórias que me ficaram na memória, por isso lhe rendo aqui a minha homenagem : PARRAMEIROS
O Zé Maria, com o seu triciclo, passava todo o Verão a vender bolos na Praia de Magoito e ainda corria as festas e feiras da região saloia à noite nos fins-de-semana.
Os bolos eram feitos pela sua mulher, durante a tarde e noite, numa garagem transformada em pastelaria, ( que faria qualquer digno agente da ASAE ter logo ali alguma coisa má), e de manhã lá estava ao cimo das escadas de acesso à praia, com as Bolas de Berlim, Queques, Mil-Folhas, Travesseiros (melhores que os da Casa Periquita, garanto), e umas ferraduras grandes que davam sustento para uma manhã inteira com o seu perfume a erva-doce e que davam pelo nome de Esparramêros.
Só muitos anos depois é que percebi, quando vi escrito, que afinal aquela maravilha se chamava Parrameiros.
São assim:Ingredientes:1.15 Kg de Farinha de Trigo
40 g de Fermento de Padeiro
2 Ovos
100g de Margarina
1 dl de Água morna
0,5 dl de Leite
1,5 dl de Água
450 g de Açúcar
Raspa de 1 Limão
Gema de Ovo para pincelar
1 colher (chá) de Canela em pó
1 colher (sobremesa) de Erva Doce
Farinha para polvilhar
Preparação:Num decilitro de água morna desfaça o fermento de padeiro e misture com 150 grs. de farinha, trabalhe esta masse e deixe levedar por 30 minutos aproximadamente.
Num recipiente coloque a restante farinha, abra-lhe uma cova no meio e insira aí a massa fermentada, vá trabalhando a massa e vá juntando a água e o leite. Seguidamente junte a canela, a margarina derretida, o açúcar, a erva-doce, a raspa da casca do limão e os ovos, amasse tudo muito bem. Forme uma bola, cubra com um pano e coloque a massa novamente a levedar.
Depois da massa ter levedado (aumentado de volume) volte a amassar. Retiram-se pequenas porções de massa que se tendem e enrolam, depois espalmam-se, esticam-se as pontas dando o feitio de ferradura ou meia lua.Colocam-se num tabuleiro polvilhado de farinha e deixa-se descansar por mais 30 minutos.
Pincelam-se com gema de ovo e vão a cozer em forno pré aquecido a 200º C.
Notas:A erva doce pode utilizar-se moída em pó, o que facilita bastante o uso, mas, originalmente, quando apenas se vendia em grão, era esmigalhada num almofariz e depois adicionada à massa, o que dava como resultado encontrarem-se na boca, bocadinhos da semente com um sabor forte a aniz e que conferia aos Parrameiros um toque "étnico" muito poderoso.
Publicada por LPontes em
11:37

Obrigada L. Pontes, por este texto delicioso e pelo sabor a erva-doce dos Parrameiros. Não sei se o Zé Maria ainda vai pra Magoito ou se tu e eu nos cruzámos a descer a rampa, nas águas da Concheira ou a beber uma bica na esplanada do Lé, mas pelo menos guardamos as mesmas memórias de um tempo que já não é o que era !

Saturday, June 28, 2008

GRAVIOLA



Esta fruta é conhecida não somente por seu delicioso sabor característico, levemente azedo, bem como seu riquíssimo conteúdo em nutrientes. Cerca de 100 gramas de graviola fornecem em média 60 calorias, 25 mg de cálcio, 28 mg de fósforo e 26 mg de vitamina C (um terço da Recomendação de Ingestão Diária).
Por se tratar de uma fruta com riquíssima composição nutricional, a graviola apresenta inúmeras propriedades terapêuticas, podendo ser utilizada em sua totalidade. Aproveitam-se as folhas, as flores, os brotos, os frutos verdes ou maduros. A graviola pode ser utilizada sob a forma in natura, sob a forma de chás, preparada como cataplasmas que são sobrepostos diretamente nas afecções cutâneas e também em cápsulas que contêm os princípios nutricionais desta maravilha da natureza.
Porém, uma das maiores descobertas sobre a graviola foi sua sensacional capacidade de agir contra as células do câncer, mostrando em testes em laboratório um potencial extraordinário. Dentre as propriedades terapêuticas da graviola pode-se destacar o seu potencial diurético, adstringente, vitaminizante, antiinflamatório, anti-reumático, bem como sua propriedade antiespasmódica, antitussígena e anticancerígena. É boa fonte de vitaminas do complexo B, importantes para o metabolismo de proteínas, carbohidratos e gorduras, incrementando o cardápio com vitaminas e minerais, bom para a saúde. É ruim para pessoas com caxumba, aftas ou ferimentos na boca, que devem evitar consumi-la in natura, pois sua acidez é irritativa e pode provocar dor.
AQUI

Thursday, June 26, 2008

Raínha por uma noite ...ou a Sala dos Cisnes

Preparava-me para sair, já não ouvia bulicio nos outros gabinetes quando toca o telefone. Um caso urgente que não podia deixar de atender : Era a miúda em apuros com um relatório para a Fac. Está a fazer um projecto sobre Energias Alternativas e queria explicações sobre a factura da EDP (e a potência contratada? e as horas de vazio? e as de ponta?) Expliquei-lhe o melhor que podia que se há coisas que detesto é analisar as facturas da luz e percebê-las deve ser caso para sobredotados ...
Bem , lá saí, fui comprar qualquer coisita simples para o jantar que já era tarde. Preparei rápido um bobó de camarão , abrimos um João Pires a condizer com a data e o homenageado e fomos directos a Sintra, ainda não tinha anoitecido.

O Concerto era no Palácio da Vila, na Sala-dos-Cisnes . Piano , apenas piano espectacularmente tocado pelo Denis. Deslumbrante, fabuloso, inebriante !! e tudo o mais que possam imaginar, que não há palavras.


Nesta Sala, senti-me transportada na noite dos tempos às épocas reais , quando D. Manuel mandou construir esta ala do Palácio e qual Rainha por uma noite vi-me sentada num qualquer trono (embora as cadeiras fossem pouco confortáveis), acompanhada em extâse pelo seu Rei, completamente alheada dos outros súbditos que enchiam a sala e escutavam em extâse o som vibrante das teclas. No final , muitas ovações , que o russo agradeceu com largos sorrisos, deliciando-nos com mais quatro peças, coisa pouco habitual nestas lides em que o concertista por vezes apenas se atreve a expôr-se uma vez mais.

Uma noite de maravilha, em Sintra! À saída, destacava-se o Palácio dos Mouros todo iluminado lá no cimo , mas envolto em grossas nuvens cinzentas , recordando a faceta mágica/mística da nossa Serra!

Tuesday, June 24, 2008

Para o homem da minha vida



Sempre acreditaste em mim…Até mesmo mais que eu própria.
Isto
Muitas vezes me enfureceu.
No entanto, esta tua confiança foi
O meu maior apoio,
A fonte de energia a que recorro
Quando as minhas forças começam a falhar.Nunca ninguém confiou em mim
Como tu o fazes,
E nunca te agradecerei o suficiente.
Eu que sou uma defensora acérrima
Da verdade, peço-te: não me contes.
Não me contes quantas vezes, no meio de uma
Discussão, desejaste ir-te embora para sempre.
Não me contes quantas vezes te desiludi
Quando esperavas algo especial de mim.
Não me contes essa conversa em que descobriste
Que invejavas a liberdade sem amarras
De um amigo.
Não me contes esse olhar
Trocado na rua…Não me contes o esforço que fizeste
Para voltar para casa, depois de certas coisas.
Não me contes e não te preocupes.
Eu também não te contarei todos os meus segredos.
Hoje conhecemo-nos…E cada um pode antecipar as reacções
Do outro sem receio de se enganar.
Sei que nunca confessarás o teu aborrecimento
Quando me procuras e não estou.
Sabes que me ofendo com muita facilidade
Se pressinto que me criticas.
Sei que, muito cedo de manhã,
Preferes o silêncio a uma conversa
Sei a dificuldade que sempre tiveste em dar presentes
Mas quando menos o espero, quando penso
Que nada pode surpreender-me, apareces
Com o mais espectacular ramos de flores
E eu torno a apaixonar-me por ti.Porque ainda existe tanto por descobrir…
Festejamos com a família, com os amigos,
Muitas festas tradicionais.
Mas que prazer íntimo e maravilhoso
É festejar esses secretos aniversários
Que só nós conhecemos…
Na nossa relação, houve momentos
Em que discutimos por tudo e por nada;
Batalhas verbais muitas vezes
Terminadas por um tremendo bater de porta;
Ameaças… nunca cumpridas.E, depois, apaixonadas, irremediáveis
Reconciliações…
Ao cuidarmos deste amor de hoje,
Mais profundo, mais conseguido,
Mais posto à prova do que naquele primeiro dia,
Não haverá…Dificuldade que não possamos enfrentar,
Maus tempos os quais não desafiemos,
Tempestades que não possamos atravessar.

Nem…Alegrias que não compartilhemos,
Tristezas que não superemos,
Doenças em que não nos ajudemos a suportar,
Pobreza em que não lutemos juntos,
Riqueza que nos faça esquecer de nós.
E nada nos separará.

Texto: Lídia Maria Riba in
"Para o Homem da minha Vida"

Friday, June 20, 2008

eu vou ... ao Festival de Música de Sintra


Mais uma vez Sintra abriu as portas dos seus palácios e quintas centenárias a grandes momentos de música, dança e contrapontos para receber a 43ª edição do Festival de Sintra.
A vertente musical que, como sempre, é um dos elementos de referência encontra-se sob am direcção Luís Pereira Leal que, este ano, privilegia o piano em russo.
A dança, cuja direcção artística se encontra a cargo de Vasco Wellenkamp, e os contrapontos, que cativam o público infanto-juvenil, marcam presença forte.
Exposições de rua e uma instalação também fazem parte deste acontecimento que já vai no seu 51º ano de existência.
Para fechar com chave de ouro, o belíssimo Palácio de Queluz recebe a ópera "La Traviata" de Giuseppe Verdi nos dias 10, 12 e 13 de Julho.
eu vou !

Sunday, June 15, 2008

Viva a Bola

O país pára, são 19.45 de um domingo cinzento e nada se ouve, é a melhor hora para ir à rua passear com o cão, porque está tudo metido dentro de casa ou dos cafés a ver a bola...
O país pára também para todos se irem abastecer nas bombas que já não têm combustivel e correm quatro e cinco ou mais e correm também a comprar bidons e vasilhas e enchem o porta bagagens com o cheiroso néctar (alguns vão guardá-lo na banheira , como há uns anos foi noticiado )...
Correm depois para os hipers e supers e minis a comprar tudo o que esteja na bancada, excelente negócio que permitiu limpar as prateleiras e escoar aquilo que nunca ninguém comprava.
Crise ? onde está a crise ? Compraram e estragaram e desperdiçaram sem olhar se precisavam ou não se outros haveria que também precisavam . Deitou-se leite fora . E fruta. E carne e peixe e toneladas de alimentos perecíveis, sem que houvesse necessidade de se chegar a estes extremos.
Na mesma Suiça onde decorrem os futebóis, as bandeiras nos carros não são permitidas nem mesmo as buzinadelas. Os Suiços são um país de destino de muitos emigrantes portugueses, que decerto lá terão de ter outras atitudes , outros comportamentos. Na Noruega , também.
A Noruega era dos mais pobres paises do mundo há um século, antes de descobrir que havia petróleo no seu subsolo. Hoje, é um dos paises mais ricos e desenvolvidos do mundo, onde o salário minimo é superior a 2500 euros , mas soube converter o Fundo de Petróleo em Fundo de Pensões para que nada falte às gerações que agora trabalham mas mais tarde envelhecem e devem continuar a ter um bom nivel de vida; os seus salários não têm grandes desniveis, um professor universitário ou um funcionário duma empresa de pescas ganham cerca de 3000 euros por mês , o que lhes permite uma vida confortável e lhes dá a possibilidade de possuirem 2 ou 3 casas para férias e lazer. O clima e a falta de sol , as noites longas e seis meses de escuridão levam-nos ao isolamento e provocam , sobretudo na camada masculina mais jovem, uma taxa de suicídio elevada.
Mas nós por cá, nem o Sol nem o clima ameno sabemos aproveitar e até importamos da Argentina os simples tremoços que acompanham a Imperial, num fim de tarde quente , no regresso a casa ou enquanto se assiste ao Jogo pela televisão. Viva a Bola !

Wednesday, June 11, 2008

Forever friends








O Willy faz hoje doze anos.
Sei que não completará outros tantos, sei que um dia chegará a sua hora e deixará entre nós um vazio imenso . Mas o pai dele Shará esteve connosco 17 anos e a mãe Pepita chegou aos 15. O mano gémeo Kevin que com ele nasceu de cesariana durou um pouco menos, mas todos tiveram uma vida de muito amor e muita liberdade. E eles sabem tão bem retribuir!!

Morangos doces


Chegámos depois de três horas de viagem sem atropelos nem transito demasiado. Parámos o carro no Areal, as casas dos irmãos fazendo um triangulo equilátero. Soltei o cão e fui directa à casa dela. Dei a volta à chave , que está sempre na porta e perguntei se podia entrar quando já lá estava dentro .

Apareceu com um enorme sorriso : Ah! que surpresa boa , não sabia que vinham !!!

Abraçou-me como se não me visse há anos (estive lá o mês passado )

e logo de seguida acrescentou -

Vinde comer , que são horas de almoço...

É uma doçura a minha cunhada, sempre pronta a ajudar, a preparar uma sopa ou a fazer uns biscoitos que coze no forno de lenha, ou a cortar um caldo verde para trazermos...

E ainda foi apanhar morangos , tantos morangos que ela própria plantou .


Nem sempre as cunhadas ou as irmãs têm estas atitudes. Mas esta merece bem o nome bíblico que lhe deram, por acaso o mesmo que a minha mãe usava, o mesmo que a minha filha tem : quatro letrinhas apenas intervaladas por um a em cada sílaba. Adivinhem lá ...

Friday, June 6, 2008

era uma vez .... um pássaro


Muitas vezes tratamos uma pessoa de maneira cordial e afetiva, tentando dar a ela o que há de melhor, e para nosso espanto recebemos em troca ingratidão e indiferença, nos causando tristeza e indignação, daí uma pergunta um tanto conhecida de nós vem à tona: “Onde foi que eu errei??”
Chuang-Tzu, sábio chinês nascido no II séc. a/C através de uma metáfora responde nossa questão.
Não é possível colocar uma grande carga numa pequena mala, nem é possível, com uma corda curta tirar água de um profundo poço. Não é possível falar a um hábil político como se ele fosse um sábio. E se ele o procurar entender, se olhar para dentro de si, a fim de encontrar a verdade que lhe foi transmitida, ele não a encontrará ali. Não a encontrando, ele tem dúvidas. Quando um homem tem dúvidas, ele mata.
Você não ouviu falar como um pássaro do mar foi levado pelo vento até a praia e pousou fora da capital de Lu?
O príncipe ordenou uma recepção solene, ofereceu vinho ao pássaro marítimo num recinto sagrado, chamou os músicos para tocarem composições de Shun, matou gado para alimentá-lo: atordoado com sinfonias, o infeliz pássaro marítimo morreu desesperado.
Como trataria você a um pássaro? Como a si próprio ou como a um pássaro?
Não deve um pássaro construir um ninho na floresta profunda ou voar sobre o prado e o pântano? Não deve nadar no rio e no lago, alimentar-se de enguias e de peixes, voar em conjunto com outras aves aquáticas, e repousar nas plantações?
Bem terrível para um pássaro marítimo é estar cercado de homens e amedrontar-se com as suas vozes! Mas isto não bastou! Eles mataram-no com música!
Toque quantas sinfonias quiser nos pântanos de Thung-Ting. Os pássaros fugirão em todas as direções; os animais esconder-se-ão; os peixes mergulharão até o fundo do mar; mas os homens juntar-se-ão e escutarão.
A água é para os peixes e o ar é para os homens. A natureza difere e, com ela, o necessário.
Por isso, os sábios antigos não colocavam uma medida para todos.
Extraído do livro: “A Via de Chuang Tzu”