Wednesday, December 19, 2007

So this is Christmas


So this is Christmas
And what have you done?
Another year over
And a new one just begun
Jonh Lennon
(Então é Natal
E o que você fez?
Mais um ano que termina
E um novo que está apenas começando).

Já é Natal, de novo. E para nós, a festa tão aparentada no tempo com o final do ano, sempre tem um quê de despedida... e de recomeço. Quando começo a sentir no ar o perfume das madressilvas e das damas da noite está na hora de iniciar a contagem regressiva até o Natal e falta um pulinho para o ano, mais uma vez, “acabar”. Durante muitos séculos, muitos mesmo, os homens imaginavam o tempo como sendo cíclico. Vivendo ao sabor dos começos e recomeços das estações, eles experimentavam a vida como ondas do mar, sempre acontecendo, sempre da mesma forma, e sempre absurdamente diferente. Esta idéia de um tempo cíclico, os povos antigos expressavam nas formas circulares das rosáceas das catedrais, da roda, dos 12 signos do Zodíaco, das mandalas. Não é nada por acaso que os relógios sejam, em geral, redondos. O centro destes círculos abriga o imutável, aquilo que de certa forma escapa à passagem do tempo, Deus, quem sabe... Em todos estes círculos que a imaginação humana criou está a mesmíssima certeza: não dá para saber onde tudo começa nem onde vai acabar e entre o início e o final das coisas não cabe nem um instante... A era cristã trouxe consigo a idéia de um tempo linear. E tão estranha era esta idéia que até hoje não nos acostumamos inteiramente com ela. O tempo, de círculo virou flecha, e nós ficamos ali, órfãos, com a nossa angústia. Nada disso... Contra tudo e contra todos, atravessamos os últimos séculos preservando a certeza de que o tempo não foge à regra da Natureza de nascimento, morte e renovação. E continuamos a construir nossos círculos, internamente ou nem tanto assim... Afinal, na prática, o menino Jesus nasce, de verdade e de coração todos os Natais. Isto de “vamos lembrar”, “vamos rememorar” está certo, é claro, mas a alma da gente desconfia. No fundo, sabemos que todos os anos, de alguma forma, temos a possibilidade de fazer nascer o pequeno Jesus em nós. Todos os anos têm alguma coisa que acaba no Natal e outra que começa. Não é só lembrança não, nem história. É coisa de vida mesmo! Existem autores que ressaltam a semelhança entre as etapas da vida de Cristo e a dos antigos deuses agrários, que morriam no inverno e ressuscitavam na primavera. O belo Adônis grego, por exemplo, passava metade do ano com Perséfone, no submundo, e renascia a cada primavera para encontrar Afrodite, a grande-mãe, deusa do amor e da vida. E a mitologia guarda vários outros deuses que morriam e ressuscitavam para simbolizar as forças vitais que emergiam das entranhas da terra: Dionísio, também grego; Tammuz, da Suméria; Osíris, do Egito. Belas histórias, que guardam alguns segredos, mesmo para nossos sentidos modernos... Penso que este clima de fim e de recomeço exige de nós uma espécie de pausa para um balanço da vida. Os judeus fazem isto no seu Yom Kippur ou Dia do Perdão, uma espécie de acerto de contas consigo mesmos, com os outros e com seu Deus. E quer melhor época para iniciarmos uma nova tradição e fazermos nossa contabilidade de alma do que o Natal? Começaríamos acertando nossas dívidas e resistindo aos apelos do consumo para fazer outras. Depois, passaríamos um bom tempo fazendo o exercício do perdão. Incluiríamos todos aqueles que de qualquer forma foram injustos conosco ou tenham, ainda que sem querer, nos prejudicado. Para alguns, a gente daria um pequeno telefonema, faria as pazes, reataria velhas amizades. Outros seriam perdoados apenas em nosso coração que isto já é mais do que o bastante. Em seguida, viria o momento de perdoar a nós mesmos, por nossas pequenas faltas e pelas grandes. Pelas nossas omissões e pela nossa humanidade. E finalmente, no Dia de Natal ou no dia de Ano Novo, você escolhe, faríamos nossa reconciliação simbólica com Deus. Fizemos o melhor possível, mas não o bastante. Fomos bons parceiros, mas nem tanto. Que se há de fazer? Ano que vem, com certeza e, é claro, se Ele quiser, faremos ainda melhor. Este acerto há de ter momentos duros, difíceis, não é coisinha assim banal. Os judeus chamam os dias que reservam a isto de Dias Tremendos. Acertos de contas são assim mesmo... Mas depois, de alma lavada, fresquinhos em folha, perfumados e vestidos de festa, poderíamos esperar o nascimento do Menino Jesus, que vem trazendo sua Luz. Mais uma vez... daqui

( Quem não gostar da palavra Deus pode substituir por Universo, Mãe-Terra ou qualquer outra que para si próprio faça sentido)


O resto da letra da música do Jonh Lennon

And so this is Christmas (E então é Natal)
I hope you have fun (Espero que vocês se divirtam)
The near and the dear one (Quem está perto e quem é querido)
The old and the young (Quem é velho e quem é novo)
A very Merry Christmas (Um Natal muito alegre)
And a happy New Year (E um Ano-Novo feliz)
Let’s hope it is a good one
(Esperamos que seja um bom ano)
Without any fear (E sem medo)
And so this is Christmas (Então é Natal)
For weak and for strong (Para os fracos e os fortes)
For rich ones and poor ones (Para os ricos e os pobres)
The world is so wrong (O mundo é tão errado)
And so Happy Christmas (Então Feliz Natal)
For black and for whites (Para negros e brancos)
For yellows and red ones (Para amarelos e vermelhos)
Let’s stop all the fight (Vamos parar de brigar)
Publicado conjuntamente com soldedomingo













Tuesday, December 18, 2007

O Muro do Derrete




O Muro do Derrete ficou na tradição. Quantas palavras de amor ouviu, quantas promessas se fizeram ali e a quantos desenganos deu origem!


O rapaz de barrete verde
precisa a cara partida
por baixo da sobrancelha
Pisca o olho à rapariga.


O amor saloio, como o de Lisboa ou Paris, só tem nuvens cor de rosa. Naquele alheamento, ele e ela afastam-se para um recanto.


No muro do Derrete dois assentos vizinhos frente a frente, separados de outro par por alguns metros, satisfazem o desejo de isolamento, que os pombinhos anseiam e isto porque


Maria , minha Maria
Meu açafate de rosas
Não se pode namorar
Por causa das invejosas


Aceite a corte, a prudência impõe condições, que o cancioneiro saloio objectiva


Ao passar o ribeirinho
Josezinho dá-me a mão.
Que eu espero de ser tua.
Mas por ora ainda não.


O entendimento fez-se. Ela e ele amam-se, o tempo fará o resto.


(Etnografia Saloia-Subsidios para o seu Estudo - Joaquim Fontes)


Ainda hoje se encontra a Rua do Muro do Derrete, perto do local onde se realiza a Feira das Mercês e um pouco acima da Casa Museu Leal da Câmara.

Monday, December 17, 2007

Reflorestação em Sintra





A Parques de Sintra e Monte da Lua (PSML) vai replantar cerca de 50 hectares de área florestal nas zonas alvo de acções de remoção de espécies vegetais consideradas “invasoras” ao longo dos próximos cinco meses. “Até à Primavera, 50 hectares serão alvo de replantação”, garantiu ontem António Lamas, Presidente do concelho de Administração da PSML, à margem de uma acção de voluntariado em que representantes de várias empresas convidadas plantaram cerca de mil árvores na zona envolvente ao Convento dos Capuchos.
O responsável reconhece que, com a remoção das chamadas espécies “invasoras” como as acácias ou os pitósporos, que estão a ser alvo de acções de limpeza nas tapadas D. Fernanado II e Monserrate, depois de eliminadas dos Capuchos “os efeitos imediatos são de alguma nudez”. António Lamas garante, no entanto que “se isto continuasse como estava daqui a uns anos não havia senão uma serra de acácias”.
A estilha resultante das limpezas permanece ainda nos terrenos em alguns locais, por dificuldades de aproveitamento do material. Os desperdícios irão, no futuro, alimentar a central de biomassa prevista para o concelho, em conjunto com outros materiais vegetais removidos. “Quando a central estiver construída as acácias serão encaminhadas para lá. Mas para já, as espécies invasoras não podem esperar”, afiram o responsável que assegura não existir qualquer relação obrigatória entre o volume de estilha resultante das limpezas e o funcionamento da central. “Esta é uma zona de conservação florestal e não de produção”, adianta.
Ao ritmo a que prosseguem as limpezas, António Lamas prevê o fim dos trabalhos de remoção total das invasoras “daqui a 5 anos”. Em 2007, os trabalhos aproximam-se do fim e a época é de replantação.
Sobre a acção de voluntariado, o Presidente do Conselho de Administração da PSML declara que “uma pessoa que participe nunca vai esquecer a experiência e uma pessoa que participe nisto nunca mais vai esquecer a serra e o que é preciso fazer para a sua renaturalização”. Carvalhos, sobreiros, azevinhos, freixos, azereiros, bordos, castanheiros, aveleiras e medronheiros integraram o lote de espécie a plantar. Em relação à conservação dos espaços, António Lamas considera que falta “dar-lhes um uso, com uma zona de lazer, onde se praticar desportos, passear com a família”. A totalidade da obra depende no entanto da componente financeira “ Temos de nos candidatar a um fundo que nos apoie”, remata.
Alvor-de-Sintra

Thursday, December 13, 2007

A Casa do Preto

Saindo de Sintra em direcção a Chão de Meninos, fiquei de repente com uns apetites dum café e mais qualquer coisita para aconchegar o estomago, que eram quase horas de almoço.

Entrei aqui.
Não me sentei , que tinha pressa. Mas de repente olho para o lado e vejo uma cara que me pareceu conhecida. Ela olhou-me também. Tornou a olhar para se certificar , tal como eu.
Não tive dúvidas - era a Olga , a professora primária (agora diz-se 1º ciclo) da miúda.
Durante quatro anos tivémos um contacto estreito e mantivémos uma relação interessante tendo em conta que eu era apenas mais uma mãe duma aluna dela.
Claro que perguntou logo pela sua educanda, onde estava , o que fazia, não se espantando com os resultados. Quiz saber se ainda continuava magrinha e elegante, se olhava o mundo de forma azul da cor dos seus olhos, com brilho, com vida, com aquela vivacidade que lhe conheço desde o momento em que nasceu.
Gostei de encontrar a Olga, porque fica sempre uma grande ligação com as pessoas que acompanharam os nossos filhos em pequenos, os prepararam, os formaram...
Roubei as duas últimas fotos ao Pedro Macieira e quem não conhece a história da Casa do Preto, em Sintra, queira clicar aqui

Saturday, December 8, 2007

São

Passaram-se tantos anos e não consigo esquecer. Eras determinada, corajosa, forte, uma mão amiga quando era preciso encontrar conforto nas horas dificeis. Não creio que tenhas sido feliz na verdadeira acepção da palavra - os teus amores foram sempre conturbados, as relações nem sempre fáceis ...
Trabalhavas com persistência e interesse , eras uma Mulher inteligente, por isso chegáste a um lugar de Direcção. Tinhas quarenta anos feitos há pouco e telefonáste a dizer que tinham finalmente acabado as obras lá em casa e o famoso roupeiro de parede estava concluido. Têm de cá vir ver - disséste tu....

Fomos, de facto fomos. Mas tu já lá não estavas . Para nunca mais. Um acidente "inexplicável" tirou-te a vida num instante e ficáste na estrada inerte no chão.

Ao longo dos anos senti muitas vezes a tua presença. Eras a madrinha que a miúda nunca teve porque me recusei a substituir-te. Quem me ajudou naquela longa noite em que eu tinha de concluir um trabalho complicado e fiz uma directa e no dia seguinte, pela manhã, estava tudo prontinho , sem uma falha... ?Tanta vez que trabalhámos juntas, que nos colocávamos questões e as analisávamos, tanta vez tanta coisa!

Hoje farias anos, não sei quantos nem interessa. Orquideas para ti.

Tuesday, December 4, 2007

asas de ouro


Creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;
*
creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,
*
creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,
*
creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. Amén.
(Natália Correia)
Escutado no programa "Câmara Clara" que tento nunca perder ao Domingo à noite na 2.

Monday, December 3, 2007

flower power

as pessoas que ocupam espaços interiores com plantas e flores têm menos stress, o que se reflecte numa redução da tensão arterial e da frequencia cardiaca.

as flores favorecem os sentimentos positivos, potenciam a sensação de satisfação com a vida e melhoram o comportamento social das pessoas
O impacto das flores tem a ver com a sua beleza. Mas se algo é belo , é porque nos transmite alguma mensagem. Diz-se que entre os animais, os humanos incluidos, a beleza fisíca informa da perfeição genética do individuo. Deste ponto de vista , a flor é o orgão sexual da planta e representa o seu esforço para chamar a atenção dos insectos e oferecer-lhes um alimento saboroso.


Mas também poderiam ser consideradas como pontos de especial concentração de energia mais subtil ... o ar mais alto, puro e brilhante que respiram os deuses, alma do mundo e fonte de toda a vida, segundo os gregos antigos, como sugere o perfume e o colorido que delas emana .

Excertos de um artigo publicado na revista CuerpoMente, de Claudina Navarro e Manuel Nunez