Friday, October 14, 2016

Maria ou uma adopção bem sucedida

Maria é agora mais uma estrelinha no céu, no céu dos cães, num céu que hoje é de lua cheia.
Maria chegou há mais de quatro anos a nossa casa, vinda de uma Associação, depois de já ter sido rejeitada três vezes por pessoas que não são pessoas nem humanos nem sabem cuidar de cães. Maria já tinha doze anos, pequenota e de pelo castanho, sem qualquer atributo apelativo. Não sabia andar à trela, trepava por tudo o que era sitio, aninhava-se nas camas e nos sofás e ... e...
Trouxe-a para casa para a tratar de umas feridas que outra cadela lhe fizera e foi ficando. Adoptámo-la em Maio de 2012 e desde então foi amimada, tratada condignamente com boa alimentação, cama quente e muitas festas. Aprendeu a andar à trela, dava passeios na rua, tinha licença e vacinas em dia e adorava viajar de carro. Ia sempre connosco, mesmo nas férias , no Natal, em qualquer altura que tivéssemos de sair, por isso conheceu quase todo o país e chegou mesmo a atravessar a fronteira. Aprendeu regras , sabia comportar-se, nunca estragou nada nem nunca retirou nada dos sacos das compras que eu deixava no chão da cozinha enquanto arrumava as compras. Não fazia barulho em casa nem ladrava a ninguém; era sociável com pessoas e com outros animais.
Desde que viémos de férias, andava mais caída, corria menos, por vezes tinha dificuldade em se levantar e eu levava-a ao colo até ao terraço ou à rua. Foi ao doutor, mais umas injeções e uns xaropes que Maria nunca tolerou comprimidos e melhorou ligeiramente. De noite , chamava baixinho para a mudar de posição ou para a levar lá fora. Ontem , chorava e não queria ficar sozinha; tive de a adormecer como se fosse um bebé para a acalmar. Hoje não estava melhor, deu um passeio no jardim e foi pela última vez à Dra Inês. Morreu tranquilamente com os donos a fazerem-lhe festas, sem trelas , sem coleira, sem nada que a prendesse como ela gostava, sem sofrimento, sem agressão.
Maria teve decerto uns primeiros anos de vida complicados que talvez nunca tivesse esquecido. Mas concerteza recordará os donos que a acolheram nos últimos tempo de vida, já bem velhinha, e lhe deram todo o conforto e bem estar possíveis. Maria também ficará para sempre na nossa memória.






Blowing in the wind