Thursday, September 18, 2008

a paixão


«Tu não sabes que quando se ama apaixonadamente alguém, quando se sente como eu sinto por ti, um amor louco, é inteiramente impossível pensar noutra, gostar doutra e que mesmo um insistente olhar estranho nos inspira tédio e nojo?
Não sabes que um grande amor não admite nenhuma partilha, que um grande amor nos toma todo o nosso ser e que tudo aquilo que não é o nosso amor não é nada, absolutamente nada, pois tudo no mundo cessa de existir?

Não sabes tu isto?

Então desconheces em absoluto o fundo do meu coração, nada sabes de mim, nem da força nem da delicadeza do meu amor por ti. Não tenhas dúvidas, por Deus te peço, pois ter-te a ti é tudo quanto posso aspirar na vida. Amo-te com puro amor, mais forte do que tudo no mundo, a ponto de preferir morrer a perder-te. E tanto é assim que tenho-te presente aqui, aqui diante de mim, de manhã, à tarde, a toda a hora do dia e de noite, deliciando-me em sonhos.

A tua imagem persegue-me por toda a parte. Vejo-te em tudo, oiço-te em tudo.

Às vezes a tua voz fala a meu lado, distintamente, como se estivesses presente, te visse, te ouvisse. Estou por meu bem endemoninhado por ti! Meteste-te dentro de mim. É um furo no meu coração e cada vez te cravas mais! Cada vez mais me alucinas.

Não me posso vencer, és para mim uma atracção fatal , uma vertigem horrível e deliciosa. É que este amor agita-me na alma os sentimentos mais opostos, as dores e os prazeres mais contraditórios, que nem sabia que tinha em mim. São como vês, injustificados os teus receios. Sou teu e só teu, está certa.

Se eu até tenho medo de ti, isto é medo de te amar demais... E amar demais será amar bastante.

Tu és, tu resumes tudo o que eu sonho. Eu só te amo a ti, suavíssimo ideal de ternura, aventurosa estrela que deverias ter esperado para percorrer o céu e poder guiar a minha vida, toda a minha vida, toda em amor por ti, e como eu lamento ter perdido os teus primeiros raios.

Oh doce amor , como eu te adoro. Tu és tudo o que me comove na vida. Tu devias ser minha, e se há um Deus bom e terno, como por vezes gostaria de acreditar, esse Deus deveria reunir as nossas duas almas por toda a eternidade. Sim, as nossas duas almas devem fazer uma só.

Beija-te doidamente o teu e só teu ...



Novembro de 1914»

Assim se amava no inicio da 1ª Grande Guerra. ..

3 comments:

Violeta said...

A verdade é que hoje também se pode amar assim; a diferença é que antes achava-se normal agora acha-se doença

Justine said...

Uff, que até sufoca!!
Mas ainda há amores desta qualidade, não há? Não me desiludas:))

Espaço do João said...

Mas afinal o que é o amor?