Tuesday, September 30, 2008

para ti



Estas são para ti, hoje. Porque me lembrei do teu dia

Porque lamento que não estejas cá para ver

por não teres chegado a conhecer a tua única neta

por teres ido tão cedo

por sentir que de lá de cima vês tudo o que se passa

e estás connosco.



(alguém muito querido me enviou estas flores, logo de manhã. Não sei se foi das Flores, mas foi algures dos Açores...)

Friday, September 26, 2008

Mamma Mia






Acordou cansada, sem qualquer vontade de ir pegar nos trabalhos que tinha para concluir. Sentou-se à secretária com nítido desprazer, virou as pastas de um para o outro lado, remexeu nos papéis. Que séeeeeeeeeeeeeeeeeca!

Abriu o mail, foi ao blog, visitou outros e foi fazer uma pesquisa na net...

Entretanto a manhã passara-se e eram horas de almoço. Comeu qualquer coisa à pressa, foi ver do cão, levantou dinheiro no multibanco e dirigiu-se ao balcão:

-Um bilhete para a sala seis, às 13,40.


Mamma Mia! Uma onda de energia e de recordações que subiram por ela acima, que a puseram de bem com a vida (de novo) e um brilho nos olhos que há vários dias teimava em não aparecer!

Lembrou-se da sua Mãe que decerto teria gostado de ver o filme e sorriu uma vez mais - a Mãe faria anos no próximo dia 30, mas já não vai mais ao cinema, como antes .


Depois...bem... depois ficou a fazer serão até às 21.30h e chegou a casa estourada. Mas que importa : mais vale um gosto na vida que três vinténs. Mamma Mia!

Thursday, September 25, 2008

o perdão


Na manhã seguinte, um doce sentimento de paz a invadiu. Pensou novamente na mulher deformada, doente da alma e do coração, prostrada sem vida, como a planta. E então, sem saber aonde ela está ou como a contactar directamente , concentrou-se nesse sentimento de amor e tranquilidade , nessa Luz que enchia a sua mente e enviou-lhe o perdão e a cura. Porque o passado já não existe. O passado serviu para que aprendêssemos a transpor certas barreiras, para que soubéssemos aperfeiçoar o nosso EU, as nossas atitudes, os nossos comportamentos. Para que pudéssemos curar certas feridas antigas, dar um sentido diferente às nossas vidas, respeitar / entender os que nos rodeiam, aceitar as suas atitudes. As dificuldades, as contrariedades do dia a dia têm um único objectivo – ao lidarmos com elas aprendemos a ultrapassá-las, libertamo-nos de experiências antigas menos boas, gerimos a nossa destreza e a nossa capacidade de perdoar. Porque o perdão é
“uma experiência de caminho, cheia de esforço e ternura, uma aventura cheia de surpresas que vêm sempre de modo novo em nossas vidas”,
todos os dias da nossa vida.


E nesta dádiva de si própria, Cláudia foi para o jardim cuidar das suas plantas. O cão deitou-se tranquilo, perto dela.

Wednesday, September 24, 2008

Conversas em familia



Há muito que não telefonava à irmã , nem sequer para saber do marido dela que andava adoentado há meses. Nem sequer o foi lá visitar a casa.

Estava cansada das confusões que a irmã sempre armava, dos ciúmes, das invejas e das dissimulações, da mania de se armar em vítima... Depois , havia ainda a questão do jazigo de familia para resolver : a irmã queria guardar lugar cativo e assegurar que o marido também iria para lá , quando todos os outros herdeiros discordavam, enfim questões do quotidiano familiar.

Alguém lhe dissera : - "Reze, reze por eles e não deixe de lhes falar"... mas ela não tinha a mínima vontade de o fazer. Ponto final.

Naquela tarde, quando entrou em casa viu o telefone a piscar e consultou o número. Confundiu-o com o da irmã.

À noite, decidiu ligar-lhe. Estava enxofrada, enciumada, queixosa como de costume com os filhos, o marido, a vida , o trabalho, o condominio, os papéis - coisas que sempre o marido tratou e agora ela não sabe por onde lhes pegar. A conversa não se alongou, nem entrou no ritmo dos pormenores e das confidencias pois entre elas não há essa ligação, nunca houve; são pessoas totalmente díspares, com vivencias e modo de estar totalmente opostos.

Mas no final , sentiu-se aliviada. Tinha sido ela a dar o primeiro passo, tinha sido capaz de transpôr a barreira do silêncio.

Rezas ? Sim rezava por todos eles, mas muito à sua maneira, com projecções de LUZ e de AMOR e pedindo a todos os deuses do Universo que os acompanhem no seu caminho !

Monday, September 22, 2008

O Outono


Abriu tranquilamente a porta e entrou. Já não tinha medo nem desgosto de entrar, passados muitos anos desde que… Não importa, a casa estava morta, cheirava a pó, a odores velhos de livros e poeira. Foi abrir as janelas e deixou entrar o sol da manhã. As plantas nos vasos estavam também mortas, secas, quebradas. Apenas uma tinha ainda uma réstia de vida, com muitas folhas secas pelo meio. Pensou trazê-la, porque conseguiria recuperá-la, se quisesse , mas não, não eram dela e as plantas expressavam bem o que se passara naquela casa … tudo estava morto! Apenas aquela planta moribunda, com algumas folhas ainda verdes, era o que restava. Deitou-lhe um pouco de água e deixou o sol entrar naquela casa desabitada há tanto tempo, vazia de expressão , de cheiros , de roupas. Um computador ultrapassado, alguns móveis dispersos, livros , pastas, umas cortinas pesadas, sem graça. E o cheiro a pó, a velho , a passado sem retorno.

Olhou em volta, mas nada havia para fazer. Espreitou os livros na estante, livros técnicos que ela tão bem conhecia e que agora não lhe apetecia abrir. Viu os CD’s e pegou nas “Quatro Estações” de Vivaldi. Sentia-se o Outono pois as folhas já tinham caído todas e naquela casa era já Inverno, frio e escuro, sem vida.

Baixou os estores e fechou novamente a porta à chave. Aquele ambiente transtornou-a. Pegou no carro e afastou-se rapidamente daquele lugar. Vagueou pela cidade, tinha coisas a tratar mas fê-lo mecanicamente, com as ideias confusas e o turbilhão de memórias que lhe surgiram. Deu boleia a uma moçambicana, economista, que vivera quinze anos em Paris e, agora, divorciada, estava em Portugal. Conversaram no meio do trânsito da cidade, até à estação do Metro. África está sempre presente e este encontro foi uma dádiva, para ambas.

Mas precisava de estar só ou de estar só no meio das filas de espera, no bulício da hora de almoço de um centro comercial qualquer, de uma repartição pública ou de uma qualquer rua onde não conhecesse ninguém. Pensou no marido. Lembrou-se da filha.

E então, viu aquela figura de mulher moribunda, num leito de hospital. Apenas algumas réstias de vida, como a planta. Viu-a deformada, imobilizada, impossibilitada de trabalhar, de fazer uma vida normal. Fora operada ao coração. Continuava a viver em função do passado , do que fora, do que não tivera. As doenças físicas são o resultado das doenças da alma – os médicos poderiam operá-la mais outra vez e outra e outra, mas a cura não viria dali. Enquanto a sua mente não se libertasse , não evoluísse, não se canalizasse para outros objectivos, não encontrasse a Primavera que desponta em cada dia, não procurasse a Luz que deve brilhar nos nossos corações, a sua ferida não sararia, o seu coração não voltaria a bater com o ritmo certo.

Cláudia entrou em casa, ao fim da tarde. Eles ainda não tinham chegado. Pousou as compras do supermercado, foi apanhar a roupa, olhou as plantas do seu jardim e falou com o cão. O cão entendia os seus sentimentos, os seus pensamentos e sabia como lidar com ela, por isso naquele dia não pediu para jogar à bola. Ficaram ali sentados no jardim, os dois a conversar – ele pôs-lhe a pata no joelho, ela afagou-lhe a cabeça ternamente.

As manas

“É uma menina” - disse a Dra Teresa!
João não quis ouvir mais. Deixou a menina, deixou Sara , rejeitando ambas, e durante três dias deambulou pela cidade, pela casa de S. Pedro do Estoril, procurando consolo na filha mais velha. Sara, sentindo-se abandonada, descurou a bebé, recusando-se a olhar para ela, a aconchegá-la perto de si , a agarrar aqueles bracinhos estendidos que pediam colo e protecção.

Cláudia cresceu por si, sem mimos, sem elogios, alvo de permanentes criticas e comparações com a irmã mais velha, a jóia da coroa. Cedo se tornou independente e determinada , pronta a fazer valer os seus direitos e a afirmar-se num mundo que desde a nascença lhe foi hostil.

Tal como a irmã foi baptizada mas não registada. Não há fotografias suas; desse dia , ficou apenas a imagem da mesa do almoço com os Pais, a Avó, os Padrinhos e alguns amigos mais chegados. Claro, a irmã lá estava, ao colo de um primo.

As pequenas, as filhas do João, como lhes chamavam, crescem. A mais velha está em idade de entrar para a escola, mas sem cédula, sem registo de nascimento é impossível. Por isso têm uma professora em casa. Cláudia, com cinco anos, acompanha a irmã, na mesma classe. Por imposição do Pai vão a um Hospício de Freiras, onde têm lições de francês, com uma das madres. Têm poucos contactos com outras crianças, a sua educação é muito rígida, embora por vezes, a mãe as acompanhe ao Monumental a ver algum filme infantil , com a Ester e o Zé e o Filipe, que têm a mesma idade. Por vezes, ficam alguns dias em Lisboa na casa da Avó paterna, com quem passam também as férias de verão, no Baleal. Por vezes, estão toda a época balnear na Ericeira. Cláudia foi sempre muito saudável mas a irmã tem uma doença de pele, que a afecta principalmente no Inverno, com o tempo frio; o médico aconselha muita praia, água do mar e sol, bem como alguma dieta. Vivem com a mãe, o pai nem sempre está. Mas aos domingos vêm passar o dia alguns amigos e sempre a avô paterna.

Cláudia não tem recordações de Natal, porque na sua casa não se festejava este dia, não havia prendas, nem árvore, nem presépio, nem sonhos, nem peru assado . Lembra-se , sim , do dia dos seus anos. Era o único dia em que podia escolher o que quisesse para o almoço e para o jantar . Durante muitos anos, iam fazer um piquenique , na Serra de Sintra, junto a uma cascata, perto de Monserrate. À noite, ia à antiga Feira Popular, nos jardins da Gulbenkian, jantar e andar no comboio-fantasma, nos carrinhos eléctricos ou na montanha russa. Nesse dia, se o Zé e o Filipe também fossem, podíam jantar os quatro numa mesa só para eles, falar à vontade sem esperar que os adultos se calassem e levantarem-se sem pedir licença e sem desejar bom proveito . Num ano, o pai deu-lhe de presente uma mota de corda. Adorou a mota. Não havia brinquedos telecomandados , na altura. Havia uma chave que dava corda à mota e isto accionava as rodas, não se podendo controlar as travagens nem as curvas. Rapidamente, a corda acabava; isto se a mota não chocasse com a parede ou algum móvel, durante o seu percurso desenfreado!


Nota bibliográfica :
Durante muitos anos , Cláudia sonhou em participar no Paris-Dakar!!

Thursday, September 18, 2008

a paixão


«Tu não sabes que quando se ama apaixonadamente alguém, quando se sente como eu sinto por ti, um amor louco, é inteiramente impossível pensar noutra, gostar doutra e que mesmo um insistente olhar estranho nos inspira tédio e nojo?
Não sabes que um grande amor não admite nenhuma partilha, que um grande amor nos toma todo o nosso ser e que tudo aquilo que não é o nosso amor não é nada, absolutamente nada, pois tudo no mundo cessa de existir?

Não sabes tu isto?

Então desconheces em absoluto o fundo do meu coração, nada sabes de mim, nem da força nem da delicadeza do meu amor por ti. Não tenhas dúvidas, por Deus te peço, pois ter-te a ti é tudo quanto posso aspirar na vida. Amo-te com puro amor, mais forte do que tudo no mundo, a ponto de preferir morrer a perder-te. E tanto é assim que tenho-te presente aqui, aqui diante de mim, de manhã, à tarde, a toda a hora do dia e de noite, deliciando-me em sonhos.

A tua imagem persegue-me por toda a parte. Vejo-te em tudo, oiço-te em tudo.

Às vezes a tua voz fala a meu lado, distintamente, como se estivesses presente, te visse, te ouvisse. Estou por meu bem endemoninhado por ti! Meteste-te dentro de mim. É um furo no meu coração e cada vez te cravas mais! Cada vez mais me alucinas.

Não me posso vencer, és para mim uma atracção fatal , uma vertigem horrível e deliciosa. É que este amor agita-me na alma os sentimentos mais opostos, as dores e os prazeres mais contraditórios, que nem sabia que tinha em mim. São como vês, injustificados os teus receios. Sou teu e só teu, está certa.

Se eu até tenho medo de ti, isto é medo de te amar demais... E amar demais será amar bastante.

Tu és, tu resumes tudo o que eu sonho. Eu só te amo a ti, suavíssimo ideal de ternura, aventurosa estrela que deverias ter esperado para percorrer o céu e poder guiar a minha vida, toda a minha vida, toda em amor por ti, e como eu lamento ter perdido os teus primeiros raios.

Oh doce amor , como eu te adoro. Tu és tudo o que me comove na vida. Tu devias ser minha, e se há um Deus bom e terno, como por vezes gostaria de acreditar, esse Deus deveria reunir as nossas duas almas por toda a eternidade. Sim, as nossas duas almas devem fazer uma só.

Beija-te doidamente o teu e só teu ...



Novembro de 1914»

Assim se amava no inicio da 1ª Grande Guerra. ..

Monday, September 15, 2008

O traje académico



PARA AS MULHERES deve ser constituído por:
- sapato preto, de modelo simples, com tacão pequeno;
- meia alta, preta;
- fato saia e casaco, preto e de modelo simples;
- o casaco não pode ter golas de seda ou pele;
- a saia não pode ser rodada e deve usar-se pelo meio do joelho;
- camisa branca;
- gravata preta lisa;
- capa preta.
- o uso do gorro da praxe é proibido às mulheres;
- é proibido o uso de maquilhagem;
- não havendo proibição formal acerca do uso de brincos, aconselha-se sejam discretos, clássicos e não sejam pendentes;
Quer saber como surgiu o Traje Feminino? Visite a página O Porto e a Praxe, na secção Praxe Académica.

PARA AMBOS
a) Em tempos normais É proibido o uso de luvas, pulseiras, colares, anéis e outros adornos ou sinais externos de vaidade ou riqueza. É permitido, contudo, o uso de aliança de casamento ou de compromisso.
Não é proibido o uso de relógio de pulso, mas este tem de ser clássico, discreto e sem brilhos.
É proibido o uso de telemóvel visível. Quem não quiser prescindir dele deve guardá-lo num dos bolsos, por exemplo.
É proibido o uso de boina.
Só é permitido o uso de guarda-chuva se este for preto, liso, com cabo de madeira e possuir doze varas.
Os pins não são proibidos, ou pelo menos não existe nenhuma proibição formal quanto ao seu uso, mas devem usar-se na lapela esquerda. De forma a evitar as inestéticas «vitrinas», aconselha-se fortemente o uso de um único pin: o da instituição ou o do curso, por exemplo.
A roupa interior e os bolsos não estão sujeitos a revista.
Devem retirar-se todas as etiquetas do traje.
Devem retirar-se os colchetes e todo e qualquer tipo de abotoadura da capa.
A Capa nunca se lava. Lavá-la é apagar e renunciar todas as recordações da vida de estudante. Além disso, “dá azar”, dizem os supersticiosos.
A Capa não se deve encontrar a uma distância superior a sete passos do seu proprietário.
A Capa pode usar-se dobrada sobre o ombro esquerdo com a gola para trás ou sobre os ombros, com um número de dobras na gola correspondente ao ano frequentado e com os distintivos virados para dentro.
Os caloiros devem usar a Capa dobrada no braço esquerdo, sendo-lhes vedado traçá-la, fazer-lhe rasgões ou colocar-lhe emblemas e/ou insígnias pessoais. Contudo, após o cair da noite, devem colocá-la sobre os ombros e segurá-la junto ao colarinho de modo a que não se veja o branco da camisa.
Podem colocar-se emblemas e insígnias pessoais na Capa na parte interior esquerda. Estes devem ser cosidos manualmente com linha preta em ponto cruz e esta não deve passar para o lado exterior da capa. Não se espeta metal na Capa.
A soma dos emblemas da Capa tem de ser ímpar.
Os distintivos da Capa não podem ser visíveis estando esta traçada ou sobre os ombros.
Podem fazer-se rasgões na capa, cada um simbolizando um momento importante da vida do estudante. Todos os rasgões devem ser feitos com os dentes. Coser os rasgões é facultativo, mas deve fazer-se com linha preta ou da cor do curso, em ponto cruz.
A Capa traça-se sempre sobre o ombro esquerdo.
O uso do traje académico implica o respeito e cumprimento de certas regras. Deste modo, a Capa deve usar-se caída pelos ombros e sem dobras nas aulas teóricas em que o professor é catedrático (podendo retirá-la com a autorização do professor), em sinal de respeito pela pessoa com quem se está a falar ou a acompanhar, e em sinal de respeito pelo local onde se está (igreja, catedral, cerimónia académica, etc.) Nestas ocasiões, a Batina deverá encontrar-se sempre abotoada.
Por vezes, quando se pretende homenagear alguém, coloca-se-lhe uma capa caída pelos ombros.
Só em ocasiões muito especiais é que se colocam as capas estendidas no chão para que o homenageado possa passar por cima delas. Esta é a maior homenagem académica que se pode fazer a alguém.
b) Em cerimónias especiais
Deve usar-se a Batina abotoada e a Capa estendida ao longo do corpo, com as respectivas dobras. Em situação de dança, e por uma questão de mera comodidade, poder-se-á dançar sem Capa, se a dama assim o permitir.
c) Na missa
Deve usar-se a Batina abotoada e a Capa estendida ao longo do corpo, sem dobras. Nunca se traça a Capa durante uma cerimónia religiosa.
d) Durante o luto
Em caso de luto, a Batina deve apresentar as abas fechadas, encontrando-se a Capa caída pelos ombros, sem dobras.
e) No fado e nas serenatas
Todos os estudantes presentes devem ter as capas traçadas, evitando que se veja o branco do colarinho e dos punhos. Nas serenatas nunca se batem palmas. Caloiro não traça a Capa, mas deve-a unir e apertar junto ao pescoço, segurando-a de modo a que não se veja o branco do colarinho.
d) Nos Cortejos da Queima das Fitas
Os Cartolados devem cobrir as lapelas da Batina com bandas de cetim da cor do curso a que pertencem. As abas devem ser arredondadas, dobrando e cosendo as duas pontas inferiores, dando um aspecto de fraque. A cartola e o laço ou a roseta, no caso das mulheres, devem ser da(s) cor(es) do(s) curso(s). A roseta usa-se no bolso exterior esquerdo superior do casaco. Não se leva a Capa estando de cartola e bengala.
Estas regras relativas ao uso do Traje Académico foram retiradas, na maioria, de documentos escritos, mas algumas foram compiladas a partir da tradição oral. Assim, um grupo muitíssimo reduzido destas regras podem variar de instituição para instituição.

Friday, September 12, 2008

O nardo





Era uma tarde quente de Agosto. O nardo estava ressequido com as folhas murchas e amarelas. Passaram anos desde que a antiga dona o acarinhava e regava, consolando-o com palavras doces, murmuradas em voz baixa.


Depois que ela morrera, a casa fora deitada abaixo e reconstruida, vinham agora os filhos e os netos de vez em quando ,mas o nardo , esse passava muitos e muitos dias de solidão sentindo a saudade das mãos que outrora o acarinhavam.


Então , ela chegou e reparou na secura dele, na tristeza que o consumia. Primeiro, deu-lhe água fresca para o alimentar; depois partiu-o em três : um vaso ficou naquela casa em que sempre estivera, outro foi para uma neta e outro levou-o consigo lá para Sintra.


Amorosamente, tratou dele e o bolbo deu folhas e flores lindissimas, de um perfume maravilhoso, semelhante ao jasmim , seu vizinho. Nunca antes tinha tido nardos nem lhe conhecia as caracteristicas. A planta que antes era da sogra, revivia agora na sua casa, inundando-a de paz e amor.


Para saber mais sobre o significado dos nardos, veja aqui


O coração, se pudesse pensar...


"O coração, se pudesse pensar, pararia."
"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."
Bernardo Soares

Tuesday, September 9, 2008

lágrimas


Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.


Não choro por nada que a vida traga ou leve.


Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar.


Fernando Pessoa

Sunday, September 7, 2008

manhã de praia


Olhando o mar, sonho sem ter de quê
Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa

Friday, September 5, 2008

Paisagem de Chuva



Toda a noite, e pelas horas fora, o chiar da chuva baixou. Toda a noite, comigo entredesperto, a monotonia liquida me insistiu nos vidros. Ora um rasgo de vento, em ar mais alto, açoitava, e a água ondeava de som e passava mãos rápidas pela vidraça; ora com som surdo só fazia sono no exterior morto. A minha alma era a mesma de sempre, entre lençois como entre gente, dolorosamente consciente do mundo. Tardava o dia como a felicidade - áquela hora parecia que também indefinidamente.Se o dia e a felicidade nunca viessem! Se esperar, ao menos, pudesse nem sequer ter a desilusão de conseguir.O som casual de um carro tardo, áspero a saltar nas pedras, crescia do fundo da rua, estralejou por debaixo da vidraça, apagava-se para o fundo da rua, para o fundo do vago sono que eu não conseguia de todo. Batia, de quando em quando, uma porta de escada. Ás vezes havia um chapinhar liquido de passos, um roçar por si mesmos de vestes molhadas. Uma ou outra vez, quando os passos eram mais, soava alto e atacavam. Depois, o silêncio volvia, com os passos que se apagavam, e a chuva continuava, inumeravelmente. Nas paredes escuramente visiveis do meu quarto, se eu abria os olhos do sono falso, boiavam fragmentos de sonhos por fazer, vagas luzes, riscos pretos, coisas de nada que trepavam e desciam. Os móveis, maiores do que de dia, manchavam vagamente o absurdo da treva. A porta era indicada por qualquer coisa nem mais branca, nem mais preta do que a noite, mas diferente. Quanto á janela, eu só a ouvia.Nova, fluida, incerta, a chuva soava. Os momentos tardavam ao som dela. A solidão da minha alma alargava-se, alastrava, invadia o que eu sentia, o que eu queria, o que ia sonhar. Os objectos vagos, participantes, na sombra, da minha insónia, passam a ter lugar e dor na minha desolação. (in Bernardo Soares)

Thursday, September 4, 2008

Rose

Rose tratava-lhe das mãos e dos pés há já algum tempo. Era alegre e bem disposta, mas tinha uma vida dificil e nem sempre a patroa lhe pagava o ordenado a tempo e horas, até atendia em casa aos domingos e à noite para fazer mais uns trocos. Por vezes conversavam durante as sessões, outras ficavam cada uma a cojitar nas suas vidas.
Um dia , Rose perguntou-lhe a medo se por acaso não teria uns garfinhos a mais lá em casa , pois não tinha talheres para os meninos comerem. Arranjou-lhe pratos, talheres e copos e umas canecas para o leite. Rose agradeceu sorrindo e nesse dia não cobrou nada pelo verniz das unhas...
Passado tempo, arranjou alguma roupa e brinquedos para as crianças. E encheu-se de coragem, sem querer magoar Rose, para lhe perguntar se não precisava de roupa de cama ou outras coisas.
O rosto de Rose iluminou-se : "Será que podia me arranjar cobertor , que nem tenho nada para cobrir, este Inverno passei tanto frio ...? " E Rose mostrou-lhe a casa : não tinha nem lençois nem cobertores e seus filhos dormiam na mesma cama, ele com nove anos e a menina com cinco. Ela voltou com lençois e cobertores e pijamas para todos, Rose quase chorava de emoção.
Fez-lhe ainda mais um pedido : "Será que lá nessa organização não podiam arranjar uma caminha para a menina dormir e um armário para as roupas".
Vamos tratar disso em Setembro, fique descansada.
Rose vai ter os seus pedidos realizados . Mas tudo isto foi possivel graças a uma instituição que recolhe aqueles bens que todos nós temos e já não queremos, para os distribuir por pessoas carenciadas. Saiba em http://www.bensutilidadesocial.pt/pages/homepage.php como colaborar com eles, dar destino a móveis e objectos que já não quer de forma a que ainda sejam úteis para quem deles necessita e não pode comprar.
E veja muitos rostos cheios de sorrisos !

Monday, September 1, 2008

ABANDONO NÃO RIMA COM DONO





SOS Animais
Ele nunca o abandonaria... "Acredito que os cães podem falar, mas para não se envolverem nas mazelas humanas, preferem latir."
Victor Hugo


PARTICIPE NA CAMPANHA PELOS ANIMAIS ABANDONADOS
Agora já não é preciso ser Verão. Em todo o lado, em qualquer altura, são abandonados centenas e centenas de cães. Não há um olhar para trás, não há preocupação, não há nada por parte dos donos.
Seja em Portugal ou em qualquer parte do mundo.
Animais de raça, rafeiros, pequenos e grandes...
É uma crueldade sem fim que deixa desamparado quem verdadeiramente tem sentimentos pelos animais, quem os quer ajudar, quem dá o que pode por ver uma cauda e muitas caudas a abanar.
É uma batalha enorme. Muitas pessoas dão tudo de si pelos animais por causa de muitas que não quiseram saber. Pessoas que pura e simplesmente não percebem que um cão ou um gato fazem parte da família!
Vivemos num país onde são abandonadas crianças. Há pessoas que tem até coragem de abandonar um filho.... Fará o que fazem aos animais... Em Portugal, não são só animais. Acredito que aconteça muito do mesmo nos outros países. São crianças e são idosos. O Ser Humano consegue ser EGOÍSTA, INGRATO, INFIEL, FRIO, CALCULISTA! Consegue ignorar o órgão que lhe dá a vida e por vezes não percebo porque é ele bate....se não tem sentimentos...
Felizmente, posso contrastar os dois tipos de Seres Humanos que vou conhecendo ao longo da vida.

Concurso Wecare4animals: A divulgação de vídeos de associações
Este é o mais recente projecto wecare4animals.Com este concurso pretende-se que seja eleito, pelos nossos visitantes e outras pessoas amigas dos animais ou que estejam interessadas, o vídeo que mais sensibiliza para a causa animal.Estão presentes a concurso 8 associações.Clique aqui para ver os vídeos e saber mais sobre o concurso.A votação acaba a 4 de Outubro e a associação vencedora receberá o donativo de 2,50. Não é muito, mas é o que podemos oferecer.
Quer associar-se a este projecto e ajudar também?
Como pode ajudar para além da votação?
- Divulgando esta iniciativa;
- Associando-se a ela oferecendo também um donativo à associação vencedora.
Mande-nos um e-mail para: wecare4animals@hotmail.com
Muito obrigada!Ajude a ajudar!Vote no questionário em baixo!Eles agradecem...

Qual o vídeo que acha que apela mais à sensibilização para c/os animais?Veja os vídeos aqui:http://wecare4animals.blogspot.com/2008/05/concurso-wecare4animals-divulgao-de.html

Abandono não rima com dono!