As caracteristicas originais - descritas abaixo - em nada mudaram. Hoje já não vendem na Feira, nem vêm a Lisboa pagar o tributo, o çalaio. Vivem desafogadamente , alguns com ostentação nas viagens que fazem , nos carros que possuem, nas piscinas , nas mobilias , nas vestes, nas casas. No entanto, a linguagem essa parece estar francamente em regressão:
Ah Lurdes, há que tempos que a gente não se víamos...
Em 1980, Guilherme Felgueiras, no artigo que intitulou "Os Saloios. Grupo Étnico de Lisboa Suburbana", caracterizava a gente do "núcleo de campónios naturais dos arrabaldes de Sintra, Loures e Mafra", do seguinte modo: "Cristãos-novos conversos, nunca se desvaneceu de todo o islamismo hereditário que lhe circula nas veias(...). O cerne arábico está saliente, não só na pigmentação morena, mas ainda na seiva vital, na psicologia própria, no comportamento social e moral deste aglomerado humano.
Segundo Paulo Freire (1948), no seu livro O Saloio: SALOIO é o homem da terra. A terra é o seu tesouro, o seu banco, o seu cofre. O saloio é fatalista, manhoso por defesa, sóbrio e sofredor. Com qualquer coisa se alimenta, e sofre resignadamente a sua secular escravatura à terra.
É devoto mas não beato, é económico mas não sovina. É amável, hospitaleiro e generoso. Matreiro, desconfiado, tardo nas resoluções, persistente, casmurro, relativamente pouco expansivo…
A mulher saloia, em geral é morena e ossuda e não é bonita, havendo no entanto, em toda a região saloia, lindíssimas raparigas, morenas, olhos negros, expressivos, boca pequena, miudinha mas de formas correctas, peito saliente, estatura mediana.
Após o casamento vêm-lhes a lida da casa, a lida do campo, os filhos, e não há beleza que resista aos pesados trabalhos a que a saloia se entrega. Ela cava, monda, sacha, ceifa, lava a roupa, e ainda por cima cuida do marido e dos filhos, e tem a seu cargo a lida da casa, que a faz toda sem a ajuda de ninguém.
Sempre foi vista como uma mulher de desembaraço, trabalhadora e bem-humorada de costas direitas, a cintura forte e pulso grosso, que ia até à cidade vender os seus produtos.
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