Friday, June 6, 2008

era uma vez .... um pássaro


Muitas vezes tratamos uma pessoa de maneira cordial e afetiva, tentando dar a ela o que há de melhor, e para nosso espanto recebemos em troca ingratidão e indiferença, nos causando tristeza e indignação, daí uma pergunta um tanto conhecida de nós vem à tona: “Onde foi que eu errei??”
Chuang-Tzu, sábio chinês nascido no II séc. a/C através de uma metáfora responde nossa questão.
Não é possível colocar uma grande carga numa pequena mala, nem é possível, com uma corda curta tirar água de um profundo poço. Não é possível falar a um hábil político como se ele fosse um sábio. E se ele o procurar entender, se olhar para dentro de si, a fim de encontrar a verdade que lhe foi transmitida, ele não a encontrará ali. Não a encontrando, ele tem dúvidas. Quando um homem tem dúvidas, ele mata.
Você não ouviu falar como um pássaro do mar foi levado pelo vento até a praia e pousou fora da capital de Lu?
O príncipe ordenou uma recepção solene, ofereceu vinho ao pássaro marítimo num recinto sagrado, chamou os músicos para tocarem composições de Shun, matou gado para alimentá-lo: atordoado com sinfonias, o infeliz pássaro marítimo morreu desesperado.
Como trataria você a um pássaro? Como a si próprio ou como a um pássaro?
Não deve um pássaro construir um ninho na floresta profunda ou voar sobre o prado e o pântano? Não deve nadar no rio e no lago, alimentar-se de enguias e de peixes, voar em conjunto com outras aves aquáticas, e repousar nas plantações?
Bem terrível para um pássaro marítimo é estar cercado de homens e amedrontar-se com as suas vozes! Mas isto não bastou! Eles mataram-no com música!
Toque quantas sinfonias quiser nos pântanos de Thung-Ting. Os pássaros fugirão em todas as direções; os animais esconder-se-ão; os peixes mergulharão até o fundo do mar; mas os homens juntar-se-ão e escutarão.
A água é para os peixes e o ar é para os homens. A natureza difere e, com ela, o necessário.
Por isso, os sábios antigos não colocavam uma medida para todos.
Extraído do livro: “A Via de Chuang Tzu”

4 comments:

Pitanga Doce said...

Eu sou um pássaro que gosta de música mas não da gaiola em que me puseram.
Me emociono quando vejo um beija-flor vir a minha varanda. Parece que diz um monte de recadinhos rápidos e vai embora outra vez. E eu queria ir com ele.

beijos

Justine said...

A sabedoria oriental a dar-nos lições de respito pelos outros e pelas diferenças.
A frescura da rosa ilustra o texto na perfeição:))

Pitanga Doce said...

Já vieste da aldeia? Muitas cerejas????

beijos

Anonymous said...

Gostei muito deste teu post.
bjocas e parabéns pela cunhada, é bom quando isso acontece.