Friday, February 8, 2013

ao longo do Tejo

Sexta-feira é sempre um dia complicado e Paula tinha muita coisa para acabar e despachar. Entrou no carro com a sobrinha, deixaram as crianças na escola e seguiram até ao local de trabalho, na orla da serra , a uns quarenta minutos de distancia. Gostava dos miúdos que os vira nascer e também da mãe. O dia passou bem rápido e apesar de tudo conseguiu fazer tudo o que era necessário, já que só voltaria  no final do mês. A tempestade apanhou-as no caminho de regresso, chovia torrencialmente e o vento não era meigo, àquelas horas da noite. Amanhã era outro dia e voltaria a Lisboa, home sweet home...
Levantou-se cedo, o sol despontava no horizonte e fazia brilhar as pequenas gotas de água que pingavam das telhados, dos fios. Os vidros dos carros estavam todos geados.
Arrumou as coisas, despediu-se das cunhadas e meteu-se a caminho. Seriam dez da manhã e queria ir almoçar em casa, a 360km . Por companhia  teria apenas os seus dois cães que dormiam no banco de trás e pouco lhes importava se a dona estava ou não com as pressas : eles iam bem confortáveis.
 Passou a Covilhã, passou o Fundão e a Gardunha, galgou Castelo Branco. Quando começou a avistar o Tejo, ficou mais descansada. Parou um pouco em Abrantes, para descansar e os cães darem uma volta. Chegaria a tempo para o almoço de anos, sempre gostara de conduzir, lamentava nunca ter participado no Paris-Dakar, mas agora já era tarde demais. Estrada fora , ia organizando o dia, esquematizando ideias, trabalhos, situações, projectos  Tudo acontecia na sua cabeça, enquanto visualizava a distancia que lhe faltava percorrer .Sempre fora muito independente, mas os últimos três anos tinham acabado de a vacinar, quando o marido aceitou um cargo numa terra distante! O dia estava frio mas o sol brilhava, não havia chuva e os campos começavam a criar uma tonalidade verde, depois de sair da zona rochosa, da imensidão dos penhascos de granito.
 No dia seguinte, a vista do Tejo foi bem outra, já perto do mar, na Praia da Poça. O dia quente e cheio de sol convidava a uma ida à praia, a uma caminhada paredão fora, a sentar na areia, a conversar tranquilamente, que ninguém levava um livro para ler. Passou-se a tarde. Eram horas de regressar, de
apanhar a roupa estendida na rua, de passear os cães, de preparar qualquer coisa para jantar, porque as rotinas são assim mesmo , por muito que se não queira. A segunda-feira chega célere e sem contemplações e não há volta a dar.
 Retomam-se os horários, as idas e vindas, as saídas à pressa, as filas de transito, as ausencias  de casa, a burocracite entediante de certos trabalhos que temos de assinar, o Tejo aqui tão perto rindo do nosso desassossego...

5 comments:

Justine said...

O Tejo - aqui tão perto... - põe-nos de bem com a vida e a sua vista, nem que seja por algumas horas, ajuda-nos a enfrentar a rotina com mais coragem!
Boa semana:))))

greentea said...

JUSTINE
o Tejo é lindo em toda a sua extensão., mesmo em Espanha.
Aqui , em fim de linha à saida da barra em Cascais acho-o delicioso.
O mar , o rio transmitem sempre muita calma, muita interioridade.
Boa semana para ti tb , que o dia hoje está de mau humor

Lilá(s) said...

A visão do Tejo, sempre me aconchega, gosto de o sentir por perto...
Bjs

greentea said...

também eu, Lilás.
e o mar ...

Anónimo said...

Mais uma Paula, de entre tantas Paulas, e mais uma rotina que é sempre comum.
Não há "Tejos" que a/s sosseguem.

Obrigada pela visita e comentário.