Tuesday, December 18, 2007

O Muro do Derrete




O Muro do Derrete ficou na tradição. Quantas palavras de amor ouviu, quantas promessas se fizeram ali e a quantos desenganos deu origem!


O rapaz de barrete verde
precisa a cara partida
por baixo da sobrancelha
Pisca o olho à rapariga.


O amor saloio, como o de Lisboa ou Paris, só tem nuvens cor de rosa. Naquele alheamento, ele e ela afastam-se para um recanto.


No muro do Derrete dois assentos vizinhos frente a frente, separados de outro par por alguns metros, satisfazem o desejo de isolamento, que os pombinhos anseiam e isto porque


Maria , minha Maria
Meu açafate de rosas
Não se pode namorar
Por causa das invejosas


Aceite a corte, a prudência impõe condições, que o cancioneiro saloio objectiva


Ao passar o ribeirinho
Josezinho dá-me a mão.
Que eu espero de ser tua.
Mas por ora ainda não.


O entendimento fez-se. Ela e ele amam-se, o tempo fará o resto.


(Etnografia Saloia-Subsidios para o seu Estudo - Joaquim Fontes)


Ainda hoje se encontra a Rua do Muro do Derrete, perto do local onde se realiza a Feira das Mercês e um pouco acima da Casa Museu Leal da Câmara.

3 comments:

125_azul said...

Que lindo post! As fotos são magníficas. Beijinhos, boa semana

Pepe Luigi said...

Passei para desejar um Feliz Natal e um Bom Ano de 2008.

Espaço do João said...

Não me faças recordar as aventuras do passado, pois começo a chorar. Conheci bem a tapada das Mercês a sua feira, as peras passadas que tão saborosas eram, enfim as coisa bonitas do nosso Portugal. Para o próximo ano se ainda for vivo voltarei a Sintra pois da casa de meu filho até lá é um salto de pulga. Meu filho vive em Carnaxide, portanto é só desviar a agulha. Um abraço João