Tuesday, March 6, 2012

insustentável leveza do SER

era um domingo de carnaval como qualquer outro.
o sol convidava a sair , passear , apanhar uma lufada de ar fresco, da brisa do mar
Bernardo saiu pela manhã para não voltar mais à tarde a gnr veio a casa da familia dizer que tinha sofrido um acidente e estava no hospital dirigiram-se para lá para saber mais noticias não o encontravam mas a morte apanhou-o de surpresa, rápida e certeira
Ficou a mulher, ficou a mãe os irmãos e os cunhados. E os Amigos também.
Cinco dias para o funeral poder ser feito porque era carnaval porque era feriado para uns e para outros não porque nada podia ser feito. Todos o acompanharam num silencio de quem não tem palavras para dizer nada, as lágrimas já tinham secado de tanto terem corrido nos dias anteriores desde que a noticia brutal chegou.
Rita fica viúva sem o ser porque era simplesmente solteira, vivendo em união de facto com o homem que amava há mais de dez anos. Compraram casa, compraram carro e tudo o mais que um casal necessita para viver no dia a dia. Dispenderam os rendimentos de ambos para tudo isso porque ambos trabalhavam e viviam em economia comum, ambos solteiros, ambos maiores de idade, perfeitamente lúcidos, contas bancárias comuns, irs em conjunto.
Mas na prática , na lei, a união de facto não existe. Rita a nada tem direito e se quizer ficar com a casa ainda tem de pagar por ela pois os herdeiros são a mãe e os irmãos e mais as burocracias da legislação, do código civil, das pensões , dos seguros, das contas bancárias que já foram congeladas.
Rita não perdeu apenas o marido aos 31 anos... perdeu TUDO apesar de nada pagar a dor de quem passa por momentos destes.
Se nada é possivel fazer, pelo menos que quem me lê , pense em assinar os papéis no registo para evitar situações destas e reclamar para que a lei seja alterada, pois só existe para efeitos fiscais e de irs - em tudo o resto é omissa. Podia ter sido a minha filha. Não foi. Mas olho à minha volta e questiono quem poderia não estar nestas condições a generalidade dos casais novos e velhos por opção a viver em união de facto. Apenas porque sim, por amor , por convicção, por opção!

8 comments:

Flor de Jasmim said...

É emocionante e revoltante por e simplesmente!
Tenho uma amiga na mesma situação.

Sou alguem com 55 anos perdi meu marido aos 38,eramos casados desde os meus 16 anos de papel passado,viviamos numa das casas do meu sogro, e tinhamos uma casa começada por ambos que continuei a construção sózinha após o falecimento, até o dinheiro acabar, construimos ilegal nos terrenos do meu sogro dentro de uma enorme quinta onde outros filhos construiram, a minha casa não foi terminada acabou-se o pouco dinheiro que eu tinha, para continuar precisava de emprestimo, para o conseguir precisava de partilhas feitas, eu não tenho lá nada, não sou herdeira do meu marido porque ele morreu sem herdar, as nossas duas filhotas são as herdeiras directas do meu sogro que morreu sem fazer partilhas, mas a casa lá está como museu à 17 anos sem poder ser acabada.
Eu viúva refiz minha vida com um homem divorciado, que fomos o primeiro amor um do outro eu com 13 ele com 15 anos, mas estamos a viver juntos à quase 11 anos, mas não em união de facto porque não fazemos irs juntos,estamos a viver juntos por e simplesmente porque se amamos.

Beijinho e uma flor
Adélia

Lilá(s) said...

Infelizmente essa é a realidade...
Passei por aqui já muitas vezes e o blogue tinha sido removido! fiquei feliz por encontrar agora a porta aberta.
Adorei ter noticias do Browny.
Bjs

greentea said...

flor de jasmim
q história estranha, há situações e leis q não dá para entender. Já não basta o desgosto e o sofrimento por que se passa e ainda vem todqa a burocracia e a legislação a retirar a quem efectivamente investiu , dispendeu os seus recursos na compra de algo q considerava seu e ao qual afinal não tem direito.
Eu própria por opção casei com separação de bens - pois há tempos alguém me dizia que ia herdar na mesma se o marido morresse primeiro...

greentea said...

lilás
sim o blog foi removido pela Google e com estas incidentes não tive disposição nem vontade para resolver o assunto, nem sequer me apetecia escrever ou vir à net, apenas abria o mail , por necessidade.
Nestes dias complicados, em que todos nos unimos mais em torno de quem sofre, o Browny foi tb uma excelente companhia, a fazer-nos sair do marasmo e a puxar por nós para ir à rua dar mais um passeio!!

Justine said...

Deste-me uma informação valiosíssima, Greentea, pois pensava que a lei equiparava a união de facto aos casamentos...neste país fica tudo a meio, que tristeza!
Um abraço
(gostei muito do texto, para além da informação)

mfc said...

Percebo perfeitamente a emoção e verdade que pôes no que escreves.
E sem querer contradizer uma vírgula a tudo o que disseste relembro uma coisa.
A vida do casal pode regular-se por dois contratos: o casamento e a união de facto, que têm consequências diferentes, como é normal.
Não se pode exigir ao legislador que vigorem dois contratos com o mesmo conteúdo e as mesmas consequências jurídicas.
É necessário que sejam diferentes, para que haja possibilidade de escolha.
E concluindo... ainda existe a hipótese de um testamento, porém, ninguém pensa em morrer, quando está vivo.
Resta agora a honestidade dos herdeiros para reporem a justiça de um caso que nos emociona a todos.
Repara que sou agnóstico e que aqui não estou a defender, nem por sombras, razões de tipo religioso.

Beijinhos.

greentea said...

Justine
é bom que pensemos nestas "pequenas coisas"... Sempre defendi a união de facto e hoje em dia não há muitos casais casados de papel no registo. Mas é bom que passem a acautelar estas situações com um contrato, um testamento ou qualquer coisa do género, um seguro com identificação do beneficiário, etc etc para que estas situações não sucedam.
ainda bem que o post te serviu, Justine

greentea said...

mfc
esperava o teu comentário técnico, profissional, já que a minha área não é esta.
Não é fácil admitir que bens comuns adquiridos por um casal em união de facto possam ser objecto de herança por terceiros... Claro que havia o testamento mas aos 30 anos quem se lembra disso, quando apenas possui a casa e o carro que ainda está a pagar a meias, mais os móveis que ambos compraram, etc etc

Não conheço os herdeiros, mas creio que mantinham uma boa relação com a mulher do irmão/filho, mas há sempre uma ovelha ranhosa nestas coisas ...Percebo a tua posição quanto ao casamento, mas há legislação completamente obsoleta nos nossos Códigos!