Castelos de areia

41 anos se passaram desde aquela manhã em que a mãe estava ao telefone a saber noticias tuas e o homem da agencia tocou à porta para saber do funeral... não quero lembrar mais esse dia mas lembrar apenas os momentos bons que passei contigo.
A mota de corda que me déste, a boneca, os fornos de areia que construias para nós na praia da Ericeira ou de S Julião e iamos à procura de pauzinhos e nessa altura era permitido acender  o lume e as chamas saiam de dentro daquele forninho, que eu adorava quando era miúda. Também fazia forninhos e castelos de areia para a tua neta que nunca pudéste conhecer - eu sei que a vês, mas duma outra dimensão . e levávas-me à Feira Popular no dia dos meus anos e nós  os miúdos podiamos jantar numa mesa sozinhos e comer o que quizéssemos na Feira antiga, onde é agora a Gulbenkian e até podia andar na Montanha Russa e no Comboio Fantasma ou nos carrinhos eléctricos, um dia no ano em que podia fazer tudo o que quizesse.
Hoje não vou plantar flores nem árvores para ti. Nem sempre fui a tua predileta, a menina querida, mas temos muita coisa em comum e guardo boas lembranças. E depois há sempre um paralelismo a unir-nos, ambos estivémos em África, só me falta ir a S. Tomé e Principe e reparei há dias naquela foto tua com a cadela. Também gostavas de cães, como eu. E foste tu que leváste a nossa Joaninha para o doutor , quando ela foi atropelada e nunca mais pode voltar para casa...
Hoje ficam apenas as memórias da minha infância e um post no blog que tu nem imaginas o que poderá ser porque no teu tempo nada existia destas TICs... Fico contigo, durante este dia . Agora tenho de ir trabalhar, Pai.
(Olha, não consegui publicar nenhuma outra foto nem sequer aquela em que tens a tua cadela ao colo...desculpa mas os computadores nem sempre fazem aquilo que nós queremos neste século XXI)