Sunday, April 15, 2012

Chalet da Condessa d'Edla

 O Chalet da Condessa d’Edla foi mandado construir pelo Rei D. Fernando II, entre 1864e 1869, com o propósito de ser um recanto de recreio para si e para a sua segunda mulher, Elise Hensler, a dita Condessa d’Edla. Nesta residência de carácter privado, com uma situação privilegiada que usufruía de uma excelente vista para o Palácio da Pena, o casal ter-se-à dedicado ao arranjo paisagístico da zona envolvente.


Influenciados pelo espírito coleccionista da época, D. Fernando II e a Condessa d’Edla reuniram no jardim e na quinta adjacente espécies botânicas provenientes dos quatro cantos do mundo, de que são especial exemplo os fetos arbóreos da Austrália e Nova Zelândia, cuidadosamente introduzidas de modo a criar um cenário romântico repleto de dramatismo.



No dia 2 de fevereiro de 1860, Elise chegou aPortugal como membro da Companhia de Ópera de Laneuville, para cantar no Teatro Nacional São João, no Porto. Atuou em seguida no São Carlos, de Lisboa, no dia 15 de abril de 1860. Interpretava a pagem da ópera "Um Baile de Máscaras", de Verdi.
 D. Fernando II, já viúvo, apaixonou-se pela bela cantora, então com vinte e quatro anos.




Além de cantora e atriz, Hensler era escultora, ceramista, pintora, arquiteta e floricultora.



 Em 10 de junho de 1869, desposou morganaticamente D. Fernando II, em Benfica. O rei de Portugal era então o segundo filho de Fernando, D. Luís I. O título de condessa foi-lhe concedido dias antes da cerimónia por Ernesto II, Duque de Saxe-Coburgo-Gota.




A imprensa e a nobreza portuguesa dividiram-se na apreciação do casamento entre o rei e a ex-cantora de ópera. Talvez por isso ela foi quase esquecida da História de Portugal.

Foi uma relação de amor maior do que a própria vida a que construiu com um homem de excepção - D. Fernando II, de quem foi segunda mulher -, com as artes, com a criação de jardins em praticamente todos os lugares onde viveu. Uma relação de rara afinidade que uma campanha brutal, mesmo no quadro da mais violenta tradição polemista do Portugal de Oitocentos, procurou incessantemente destruir.(Diário de Noticias)
O casal gostava de se refugiar em Sintra, onde D. Fernando tinha comprado o abandonado Mosteiro da Nossa Senhora da Pena. Deve-se o atual patrimônio florestal da serra de Sintra a D. Fernando, que sempre foi apaixonado pela botânica, e à cumplicidade da condessa d'Edla. Como resultado, as plantações do Parque da Pena intensificaram-se por volta de 1869. Elise introduziu certas espécies arbóreas vindas da  América do Norte e Austrália. O rei e a condessa tiveram o apoio do cunhado americano de Hensler, o silvicultor John Slade.




No meio do parque, a condessa iniciou a construção do chamado Chalet que ela mesma projetou em estilo das casas rurais norte-americanas. Mulher culta, dedicou-se com o marido ao patrocínio de vários artistas, entre eles o mestre Columbano Bordalo Pinheiro e o pianista Viana da Mota.



 
Vale a pena visitar e  passar o dia entre os Jardins da Condessa e o Palácio da Pena, que agora têm ligação entre si. O Chalet também é uma pequena delicia .
E se não sabe , fique a saber que os munícipes de Sintra têm entrada grátis aos domingos até às 13 h, podendo ficar o resto do dia em qualquer Palácio/Museu, contra apresentação do BI ou Cartão de Cidadão com residencia no Concelho...

10 comments:

© Piedade Araújo Sol (Pity) said...

obrigada, por este texto maravilhoso que desconhecia por completo.

um bom domingo

um beij

greentea said...

também eu desconhecia a história, Piedade
Sabia que o Chalet tinha sido recuperado mas ignorava tudo o resto...
Fiquei encantada e vou voltar um destes dias para disfrutar, sentir o verde da serra e dos jardins magnificos, a natureza em todo o seu esplendor

mfc said...

Pois olha que desconhecia por completo a história do "chalet".
A vida de D. Fernando já conhecia, mas este ninho de amor ali mesmo abaixo do Palácio da Pena... desconhecia por completo.
Obrigado e um grande beijinho.

a d´almeida nunes said...

stá visto que tenho de recomeçar a a sair mais de casa. Sintra é um dos meus destinos obrigatórios, para breve.

Com a sogra com 93 anos cá em casa a coisa está difícil, mas temos de tornear o problema, que a vida são dois dias e 1 e meio já passou.

Bj

greentea said...

mfc
eu desconhecia as duas situações, normalmente apenas se diz , no pior sentido, que a Condessa era uma cantora de Ópera e nem se fala do casamento com o rei-viúvo...

greentea said...

antonio
pois vale a pena o passeio, o passar o dia em Sintra que cada vez está mais bonita, sobretudo nesta altura do ano. Os Parques estão lindissimos e Monserrate também vale a pena , depois de recuperado e reaberto ao público !!
A sogra passa bem um diazinho sem ti ...

Justine said...

Que bela lição de História me deste! E que bela estória de amor me contaste!
Logo que possa vou passar um dia a Sintra:-)))
Abraço

greentea said...

justine
é uma bela estória que a História procurou sempre esconder...vale a pena visitar e passar o dia nos Parques de Sintra. esta época (sem chuva) é óptima !

Lilá(s) said...

O texto está maravilhoso! estive lá quando o Chalet estava a ser recuperado, podia-se passear numa parte do jardim, desconhecia era a história. É sempre um local digno de visita.
Bjs

greentea said...

Lilas
o chalet continua a ser recuperado , mas os jardins estão lindissimos e agora abriram a ligação para o Palácio da Pena