Saturday, March 10, 2012

era uma vez uma menina...

Surgiste quando já ninguém pensava que tu aparecerias e eu própria tinha deixado de sonhar contigo. Nasceste a olhar o mundo que te rodeava, um olhar profundo e interessado. Foi assim que nos conhecemos : eu deitada numa sala de hospital e tu acabadinha de sair de dentro de mim. Por isso nunca me esqueço desse instante.
Permaneceste igual a ti própria porque sempre  respeitámos o teu ser, a tua personalidade , a tua maneira própria de estar. Afinal , nós os três somos todos um pouco parecidos, os três muito independentes, muito senhores do seu (nosso) nariz, muito interligados todos, capazes de dar a volta ao mundo para ajudar o outro, as distancias e o desconhecido nunca nos fizeram confusão à cabeça, começando cada dia como se nascessemos de novo mais uma vez. Ainda nos surpreendemos, quer contigo, quer só eu e o teu pai. Sabemos sorrir, sabemos amar, sabemos perdoar e por vezes ainda rimos todos à gargalhada.
Não nasceste à beira-mar, mas vivemos por lá durante muitos anos, junto do pinhal com muitos amigos à volta, quando as portas das casas estavam sempre abertas.
Foi assim que cresceste, foi assim que te criámos.
Hoje , já és grande. Sabes que nunca acho muita graça a bebés, mas contigo foi diferente, embora cada vez me pareças mais interessante à medida que os anos vão passando. Não eras apenas uma menina recém nascida muito bonita, tal como hoje. É a tua capacidade, a tua inteligência, a tua maneira de ser e de estar, a tua motivação e o teu interesse por aquilo que te rodeia, pelo mundo, pelas pessoas (algumas, porque foste sempre muito seletiva), pelo ambiente, pela astronomia, pela ciência, pelas fotovoltaicas que fazem toda a diferença. Por isso , ainda nos surpreendemos todos, por isso o pai vem de tão longe para passarmos o dia juntos. Por isso, estamos sempre juntos. Para nós não há distâncias, nunca houve distâncias.
 Por isso, quando as buganvilias alegremente florirem vamos fazer sempre um enorme desafio, como dizia o poema africano...

6 comments:

mfc said...

Olha que post tão lindo!
A carta de uma mãe(babada) à sua linda filha da qual tem imensa saudade!
Então percorre toda uma vida a rever como foi o desenvolvimento do seu crescimento desde que saíu de dentro dela!
Comovente e sentida esta evocação tão linda!
BEIJINHOS.

Justine said...

Para ti será sempre essa menina pequenina, que amas incondicionalmente, como se lê no teu belíssimo post!
Beijo

Lilá(s) said...

Eles crescem mas ficam sempre os nossos meninos, que lindo texto para a tua menina!
Bjs

greentea said...

mfc
Não tenho saudade do bebé que ela foi, das noites mal dormidas, das febres qd os dentes estavam para ropmer , de sair sempre à pressa e mal pronta por falta de tempo ou porque a menina se babou ou encostou os sapatos sujos, deu-me muito trabalho nos primeiros anos...era um bebé que dormia pouco , muito independente, muito crescida, sempre à frente dos parametros normais, tal como hoje.
Mas com o passar dos anos a relação foi sendo cada vez mais estreita, mais profunda.

greentea said...

justine
Sempre a vi como uma menina grande, sempre desejei que ela crescesse e gosto dela crescida. Com a idade que ela hoje tem, já eu tinha a minha casa, trabalhava, estava a acabar o curso e tinha conhecido o pai dela, já tinha perdido o meu pai... São épocas e percursos diferentes. Mas por vezes , parece-me que hoje os twentys são mais inexperientes em certas áreas apesar de dominarem as tics e alheados de questões práticas do dia a dia.

greentea said...

Lilas

sim são os nossos meninos crescidos, embora eu prefira vê-la crescida