Friday, November 20, 2009

Renda de bilros

A confecção da renda é efectuada sobre uma almofada dura em que é pregado um papelão - chamado “pique” –, crivado de furos que determinam o desenho.Nesses furos são espetados alfinetes que a rendilheira vai mudando de lugar à medida que o trabalho se desenvolve.


A origem das rendas não é consensual. A teoria mais aceite, formulada por vários estudiosos, é a de que são oriundas do oriente (da China ou da Índia), tendo chegado a Portugal através da Itália.
Na Europa tiveram época áurea as de Milão e de Bruges, chegando os padres a encomendá-las para os seus trajes e as noivas para os seus vestidos. Em Portugal as rendas flamengas estiveram muito em voga no tempo de D.João V.
Daqui, esta forma de artesanato passou à Madeira e aos Açores, e foi pelas mulheres portuguesas que chegou ao Brasil, onde é praticada principalmente no Nordeste.


Os fios são manejados por meio de bilros, que são pequenas peças de madeira torneada. Numa das extremidades de cada bilro está enrolado o fio, enquanto que a outra extremidade tem a forma de esfera ou de pêra, conforme o uso na região. Os bilros são manejados aos pares pela rendilheira que, habilmente, imprimindo um movimento rotativo e alternado a cada um dos bilros, e orientando-se sempre pelos alfinetes, vai-os mudando à medida de o trabalho progride. O número de bilros utilizado varia conforme a complexidade do desenho, havendo trabalhos em que são empregues 14, 18, ou mesmo mais de vinte pares de bilros.






Rendas de Peniche
Tecidas cuidadosamente pelas mãos das mulheres penichenses, as Rendas de Bilros escondem uma técnica secular de origens misteriosas.
Dividida em rendas eruditas (desenho e técnica) e rendas populares (renda antiga), a renda de bilros de Peniche tem um pormenor que as distingue de outras produzidas em Portugal: o processo de urdidura. As rendilheiras de Peniche trabalham com as palmas das mãos voltadas para cima. Outro pormenor característico é o facto de, nestas rendas, não se distinguir o direito do avesso.
A minha Avó Angélica fazia rendas de bilros, sua mãe também. Nascidas na zona e com uma madrinha em Peniche cedo aprenderam a técnica que dominavam na perfeição. Em pequena , comecei a aprender e a Avó até mandou fazer uma almofada de dimensões reduzidas para as netas trabalharem . Há tempos atrás, quiz recomeçar e fui muitas tardes até um local perto de Peniche para reaprender , mas é longe e a minha vida profissional não o permite. Assim, fica-me a esperança de um dia encontrar alguém aqui por perto. Fica-me a angústia de não saber fazer!

1 comment:

Justine said...

Que engraçado vires falar nas renda de bilros:)) Eu tinha uma tia que fazia esta renda, e eu ainda guardo a almofada onde ela espetava os alfinetes e onde a renda ia aparecendo...
Abraço