Monday, December 1, 2008

Açafrão


Zeus, deus dos deuses da antiga Grécia, dominado por insaciáveis apetites sexuais, chegou a dormir num colchão forrado com açafrão, na esperança de que a odorífera planta lhe exaltasse as paixões. Até porque, desde que a planta era planta, ou seja, desde o dia em que nascera, fruto do sangue derramado do jovem Crocus, assassinado involuntariamente por Hermes, deus do comércio e dos ladrões, que as suas virtudes corriam o Olimpo.

Uma trágica origem para o «crocus sativus», a bela planta bulbosa da família das iridáceas, também designada por açafroeira ou açaflor, de flor lilás, cujos estigmas, finíssimos e de cor vermelha, e parte dos estiletes dão uma especiaria preciosa - a mais cara do mundo - de perfume e sabor requintados, utilizada também, desde tempos remotos, como remédio e pigmento. Por fatalidade ou não, o certo é que Henrique VIII, apreciador da especiaria, mas acima de tudo da ordem no seu reino, mandava para a forca quem fosse apanhado a falsificar açafrão.


Deve o seu nome à palavra árabe «az-za'afran» - em latim medieval evoluiu para «safranum» - e foi precisamente pela via árabe que o açafrão penetrou na Península Ibérica. Os árabes tanto utilizavam o açafrão na cozinha - ainda hoje tomam café com cardamomo e açafrão - como na medicina, graças às suas propriedades anestésicas e anti-espasmódicas. Mas uma das primeiras referências históricas provém de um texto egípcio escrito cerca de 1500 a.C., que refere o cultivo de açafrão em Luxor. Não deve pois andar longe da verdade a história segundo a qual Cleópatra utilizava a essência de açafrão para seduzir. Sabe-se, por exemplo, que os fenícios tinham a tradição de passar a noite de núpcias em lençóis coloridos com açafrão e que os gregos antigos, além de o utilizarem para combater as insónias e curar as ressacas, o consideravam um afrodisíaco poderoso, quando misturado no banho.
Hipócrates, o pai da medicina, descreve-o como um medicamento e Celsus, na Roma pré-cristã, utilizava o açafrão na composição de vários medicamentos contra as dores, a letargia, as cataratas e os venenos.



É utilizada também como normalizador do colesterol e mau hálito. Para isso coloque e um pilão 2 colheres (sopa) do rizoma fatiado. Amasse bem e adicione 1 xícara (chá) de álcool de cereais a 80%. Deixe em maceração por 5 dias e coe. Armazene em vidro escuro, ao abrigo da luz solar. Tome 1 colher (café) diluída em um pouco de água 10 minutos antes das principais refeições.
Para tratamento de feridas, escaras e erisipelas coloque a colher (sopa) do rizoma fatiado em 1 copo de água em fervura. Deixe ferver por 5 minutos. Abafe por 10 minutos e coe. Aplique nas partes afetadas, em forma de compressas, 2 vezes ao dia. Pode ser feito também de outro modo, amassando bem o rizoma fatiado em um pilão e adicionando 1 xícara de vinagre branco. Deixe em maceração por 5 dias e coe. Aplicar no local afetadado com uma chumaço de algodão, 2 vezes ao dia.
saiba-mais...
(Para começar bem o mês, comprei Crocus ou bolbos de açafrão e estive a plantá-los!!)


4 comments:

Violeta said...

não sabia que a flor era tão bonita. Costumo fazer queijo d esoja com açafrão e caldo de legumes.
bjs

greentea said...

pois podes plantar os teus próprios crocus e retirar os fios de açafrão.
O ano passado encontrei destas flores debaixo dos castanheiros e trouxe algumas , mas não sei se é a mesma espécie comestivel ...
os meus brotos de soja ainda não germinaram , mas já os "plantei"...
e estão num armário bem escuro!

Justine said...

Queres ver que, com essas qualidades que anuncias, ainda se vai esgotar o açafrão no mercado:))
Tb vou plantá-los para a semana.
Abraço

greentea said...

já nada me espanta ... com a crise q por aí vai ...não dogo que não seja "belissimo" dormir num colchão de flores d açafrão !!

mas os deuses que protejam o crocus...