Estava uma noite áspera, um pouco lúgubre, com grossas nuvens errantes, entre as quais , às vezes aparecia a lividez da lua.As rajadas uivadas deram-lhe então um arrepio à alma; as casas estavam fechadas: as lanternas de gás tinham oscilações aterradas e errou com uma sensação de desgraças fatais e de mistérios homicidas. Foi passear para o Aterro: o mar batia tristemente contra os cais e, na extensão saturada de água, tremulavam luzes acanhadas de barcos que, às vezes, no súbito clarão de um luar gelado, desenhavam mastreações espectrais.
A Tragédia da Rua das Flores - Eça de Queirós
O «ATERRO» está simultâneamente ligado ao «PORTO DE LISBOA».
Com a construção do «Porto de Lisboa» reconhecia-se a necessidade de obviar as medidas sanitárias nas margens do rio TEJO, bem assim como a inevitável expansão urbanística, condicionada pela realização do «ATERRO» (ver mais aqui) na zona com a designação muito frequente usada na época de: «ATERRO DA BOAVISTA».
Com o fim de acabar de vez com a verdadeira lixeira que nesta zona existia, e pensando já numa ordenação costeira na margem direita do rio, tendo em vista uma futura zona portuária, procedeu-se à construção de um «ATERRO» entre o «CAIS DO SODRÉ» e «ALCÂNTARA».
Em 1907 depois de grande parte do porto se encontrar já concluído, passou toda a administração directamente para o ESTADO, através da «ADMINISTRAÇÃO GERAL DO PORTO DE LISBOA» até aos dias de hoje.
No ano de 1855 a praia da «BOAVISTA» começou gradualmente a ver o seu areal substituído por terra. Em 1858 todo este aterro alterava entre o «FORTE DE S. PAULO» (hoje Praça de D. Luís) e a praia de «SANTOS», que babujava o antigo PAÇO REAL «PALÁCIO DOS MARQUESES DE ABRANTES».
Em 1858-1859 abriam-se ruas ou boqueirões transversais e construía-se a «RAMPA DE SANTOS».
Teve a «CÂMARA» necessidade de expropriar nesta zona; a casa de «ABRANTES» e a de «ASSECA», para finalmente poder rasgar a «RUA 24 DE JULHO».
Data precisamente de 1860 a muralha de «SANTOS».
Embora a lentidão da obra fosse uma constante, sabe-se que em 1865 o «ATERRO» estava concluído até à «RIBEIRA NOVA», e em 1867 até ao «ARSENAL DA MARINHA», já com muralha.
Podemos datar com pouca margem de erro, o ano de 1867 como data provável na conclusão do «ATERRO».
Foi denominada «RUA 24 DE JULHO» (1878) à parte do ATERRO ocidental construída no prolongamento daquela rua, que começava na «PRAÇA DE D. LUÍS» e terminava no caneiro de «ALCÂNTARA». No ano de 1928 foi convertida a «AVENIDA».
daqui
3 comments:
É sempre tão interessante dar uma volta pela cidade antiga. E se o ponto de partida é Eça, ainda melhor:)))))
avivando história e relembrando Eça
beij
História e Eça... uma óptima ligação!
Post a Comment