estávamos algures por aqui, naquela tarde em que Marcelo não queria saír do poleiro mas não arredámos pé até o avistarmos a entrar para o chaimite. Depois ainda fomos ver os pides à António Maria Cardosos e dar uma volta pelo Terreiro de Paço, já a noite descia pelas sete colinas de Lisboa.
J. telefonou-me pelas 7h da manhã: -não saias de casa , que há uma revolução, a tropa está na rua, não vou trabalhar... Depois os telefones deixaram de funcionar e ninguém foi trabalhar , tudo para as ruas . Ainda passei no supermercado a comprar alguma comida para o que desse e viesse, não se sabia o que vinha por lá... Não me esqueço desses momentos, desse dia gravado para sempre, uma viragem que há muito deveria ter acontecido.
Este ano, não estava em Lisboa, no 25 de Abril. À noite, entrei em casa de familiares, lá para as Beiras, os telejornais transmitiam ainda o rescaldo das cerimónias. Mário, um agricultor, homem já de 70 anos comentava a importancia do dia. A filha , uma administrativa de trinta e poucos anos, contrapôs logo, agressiva:
- Que nada , que o 25 de Abril não interessa a ninguém , nem sei porque é feriado e que o dinheiro gasto nos cravos dava para dar de comer a muitos pobres, interrogando-se se os alemães festejam o dia em que o Hitler morreu...
Respondia o pai : -" pois eu nunca gostei do Salazar; o teu avô era professor e tinha ideias "avançadas " para a época e foi-lhe tirada a pensão a que tinha direito. A tua Avó ficou sem nada para criar os filhos que éramos todos pequenos e fiquei sempre revoltado por isso"
A filha continuou o mesmo discurso abespinhado. A mãe interferiu para acalmar os ânimos.
Quanto a mim , poisei a caneca do chá, disse um até logo irónico e saí, que não há saco para aturar esta miudagem que não conheceu a opressão e a violencia , que diz que a pide não existiu e que não fora o António das finanças o país não se tinha desenvolvido e a guerra (a 2ª) tinha dado cabo de nós. São bem mais analfabetos que aqueles que Salazar deixou depois de cinquenta anos de fascismo!
Saturday, April 28, 2012
Wednesday, April 25, 2012
Rita Levi e a reforma
ENTREVISTA
- Como vai celebrar seus 100 anos?
- Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto de celebrações. No que eu estou interessada e gosto é do que faço cada dia.!
- E o que você faz?
- Trabalho para dar uma bolsa de estudos para as meninas africanas para que estudem e prosperem ..Elas e seus paises. E continuo investigando, continuo pensando.
- Não vai se aposentar?
- Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposenta e se abandona... E isso mata seu cérebro. E adoece.
- E como está seu cérebro?
- Igual a quando eu tinha 20 anos! Não noto diferença em ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.
- Mas terá algum limite genético ?
- Não. Meu cérebro vai ter um século..., mas não conhece a senilidade..O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!
- Como você faz isso?
- Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los!
- Ajude-me a fazê-lo.
- Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo, faça ele trabalhar e ele nunca se degenera .
- E viverei mais anos?
- Viverá melhor os anos que vive, é isso o interessante. A chave é
manter curiosidades, empenho, ter paixões....
- A sua foi a investigação cientifica?
- Sim e segue sendo.
- Descobriu como crescem e se renovam as células do sistema nervoso...
- Sim, em 1942 : dei o nome de Nerve Growth Factor (NGF, fator do crescimento ner-
voso), e durante quase meio século houve dúvidas, até que foi reconhecida sua validade, e em 1986, me deram o prêmio por isso.
Rita Levi Montalcini!
Prêmio Nobel de Medicina.
Que possa nos servir de inspiração.
- Como vai celebrar seus 100 anos?
- Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto de celebrações. No que eu estou interessada e gosto é do que faço cada dia.!
- E o que você faz?
- Trabalho para dar uma bolsa de estudos para as meninas africanas para que estudem e prosperem ..Elas e seus paises. E continuo investigando, continuo pensando.
- Não vai se aposentar?
- Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposenta e se abandona... E isso mata seu cérebro. E adoece.
- E como está seu cérebro?
- Igual a quando eu tinha 20 anos! Não noto diferença em ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.
- Mas terá algum limite genético ?
- Não. Meu cérebro vai ter um século..., mas não conhece a senilidade..O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!
- Como você faz isso?
- Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los!
- Ajude-me a fazê-lo.
- Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo, faça ele trabalhar e ele nunca se degenera .
- E viverei mais anos?
- Viverá melhor os anos que vive, é isso o interessante. A chave é
manter curiosidades, empenho, ter paixões....
- A sua foi a investigação cientifica?
- Sim e segue sendo.
- Descobriu como crescem e se renovam as células do sistema nervoso...
- Sim, em 1942 : dei o nome de Nerve Growth Factor (NGF, fator do crescimento ner-
voso), e durante quase meio século houve dúvidas, até que foi reconhecida sua validade, e em 1986, me deram o prêmio por isso.
Rita Levi Montalcini!
Prêmio Nobel de Medicina.
Que possa nos servir de inspiração.
Rita Levi Montalcini , nasceu em Turín, Itália em 1909 e obteve o titulo de Medicina na especialidade de Neurocirurgia. Por causa de sua ascendência judia viu-se obrigada a deixar a Itália, um pouco antes do começo da II Guerra Mundial.
Rita Levi-Montalcini (Nobel da Medicina em 86) já ultrapassou os 100 anos de idade mas continua de corpo e alma na ciência. Um dos seus textos foi lido e acompanhado por jazz , na Corunha.
Friday, April 20, 2012
le temps des cerises
Quand nous chanterons le temps des cerises
Et gai rossignol et merle moqueur
Seront tous en fête …
Les belles auront la folie en tête
Et les amoureux du soleil au cœur
Quand nous chanterons le temps des cerises
Sifflera bien mieux le merle moqueur
Mais il est bien court le temps des cerises
Où l’on s'en va deux cueillir en rêvant
Des pendants d'oreille …
Cerises d’amour aux robes pareilles
Tombant sur la feuille en gouttes de sang
Mais il est bien court le temps des cerises
Pendants de corail qu’on cueille en rêvant
Quand vous en serez au temps des cerises
Si vous avez peur des chagrins d’amour
Evitez les belles …
Moi qui ne crains pas les peines cruelles
Je ne vivrai point sans souffrir un jour
Quand vous en serez au temps des cerises
Vous aurez aussi vos peines d’amour
J’aimerai toujours le temps des cerises
C’est de ce temps-là que je garde au cœur
Une plaie ouverte …
Et Dame Fortune, en m’étant offerte
Ne pourra jamais fermer ma douleur
J’aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au cœur
Le Temps des cerises est une chanson dont les paroles furent écrites en 1866 par Jean-Baptiste Clément et la musique composée par Antoine Renard en 1868[1]. Cette chanson est fortement associée à la Commune de Paris de 1871, l'auteur étant lui-même un communard ayant combattu pendant la Semaine sanglante. Le Temps des cerises fut dédiée par l'auteur à une infirmière morte lors de la Semaine sanglante, longtemps après la rédaction de la chanson[2].Wikipedia
Vale a pena ouvir a interpretação de Yves Montand e ver o video!
Wednesday, April 18, 2012
O amor de Pessoa
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
e se Pessoa voltasse, como não ficaria surpreendido com as novas formas de comunicação ...
Sunday, April 15, 2012
Chalet da Condessa d'Edla
O Chalet da Condessa d’Edla foi mandado construir pelo Rei D. Fernando II, entre 1864e 1869, com o propósito de ser um recanto de recreio para si e para a sua segunda mulher, Elise Hensler, a dita Condessa d’Edla. Nesta residência de carácter privado, com uma situação privilegiada que usufruía de uma excelente vista para o Palácio da Pena, o casal ter-se-à dedicado ao arranjo paisagístico da zona envolvente.
Influenciados pelo espírito coleccionista da época, D. Fernando II e a Condessa d’Edla reuniram no jardim e na quinta adjacente espécies botânicas provenientes dos quatro cantos do mundo, de que são especial exemplo os fetos arbóreos da Austrália e Nova Zelândia, cuidadosamente introduzidas de modo a criar um cenário romântico repleto de dramatismo.
No dia 2 de fevereiro de 1860, Elise chegou aPortugal como membro da Companhia de Ópera de Laneuville, para cantar no Teatro Nacional São João, no Porto. Atuou em seguida no São Carlos, de Lisboa, no dia 15 de abril de 1860. Interpretava a pagem da ópera "Um Baile de Máscaras", de Verdi.
D. Fernando II, já viúvo, apaixonou-se pela bela cantora, então com vinte e quatro anos.
Além de cantora e atriz, Hensler era escultora, ceramista, pintora, arquiteta e floricultora.
Em 10 de junho de 1869, desposou morganaticamente D. Fernando II, em Benfica. O rei de Portugal era então o segundo filho de Fernando, D. Luís I. O título de condessa foi-lhe concedido dias antes da cerimónia por Ernesto II, Duque de Saxe-Coburgo-Gota.
A imprensa e a nobreza portuguesa dividiram-se na apreciação do casamento entre o rei e a ex-cantora de ópera. Talvez por isso ela foi quase esquecida da História de Portugal.
Foi uma relação de amor maior do que a própria vida a que construiu com um homem de excepção - D. Fernando II, de quem foi segunda mulher -, com as artes, com a criação de jardins em praticamente todos os lugares onde viveu. Uma relação de rara afinidade que uma campanha brutal, mesmo no quadro da mais violenta tradição polemista do Portugal de Oitocentos, procurou incessantemente destruir.(Diário de Noticias)
O casal gostava de se refugiar em Sintra, onde D. Fernando tinha comprado o abandonado Mosteiro da Nossa Senhora da Pena. Deve-se o atual patrimônio florestal da serra de Sintra a D. Fernando, que sempre foi apaixonado pela botânica, e à cumplicidade da condessa d'Edla. Como resultado, as plantações do Parque da Pena intensificaram-se por volta de 1869. Elise introduziu certas espécies arbóreas vindas da América do Norte e Austrália. O rei e a condessa tiveram o apoio do cunhado americano de Hensler, o silvicultor John Slade.
No meio do parque, a condessa iniciou a construção do chamado Chalet que ela mesma projetou em estilo das casas rurais norte-americanas. Mulher culta, dedicou-se com o marido ao patrocínio de vários artistas, entre eles o mestre Columbano Bordalo Pinheiro e o pianista Viana da Mota.
E se não sabe , fique a saber que os munícipes de Sintra têm entrada grátis aos domingos até às 13 h, podendo ficar o resto do dia em qualquer Palácio/Museu, contra apresentação do BI ou Cartão de Cidadão com residencia no Concelho...
Influenciados pelo espírito coleccionista da época, D. Fernando II e a Condessa d’Edla reuniram no jardim e na quinta adjacente espécies botânicas provenientes dos quatro cantos do mundo, de que são especial exemplo os fetos arbóreos da Austrália e Nova Zelândia, cuidadosamente introduzidas de modo a criar um cenário romântico repleto de dramatismo.
No dia 2 de fevereiro de 1860, Elise chegou aPortugal como membro da Companhia de Ópera de Laneuville, para cantar no Teatro Nacional São João, no Porto. Atuou em seguida no São Carlos, de Lisboa, no dia 15 de abril de 1860. Interpretava a pagem da ópera "Um Baile de Máscaras", de Verdi.
D. Fernando II, já viúvo, apaixonou-se pela bela cantora, então com vinte e quatro anos.
Além de cantora e atriz, Hensler era escultora, ceramista, pintora, arquiteta e floricultora.
Em 10 de junho de 1869, desposou morganaticamente D. Fernando II, em Benfica. O rei de Portugal era então o segundo filho de Fernando, D. Luís I. O título de condessa foi-lhe concedido dias antes da cerimónia por Ernesto II, Duque de Saxe-Coburgo-Gota.
A imprensa e a nobreza portuguesa dividiram-se na apreciação do casamento entre o rei e a ex-cantora de ópera. Talvez por isso ela foi quase esquecida da História de Portugal.
Foi uma relação de amor maior do que a própria vida a que construiu com um homem de excepção - D. Fernando II, de quem foi segunda mulher -, com as artes, com a criação de jardins em praticamente todos os lugares onde viveu. Uma relação de rara afinidade que uma campanha brutal, mesmo no quadro da mais violenta tradição polemista do Portugal de Oitocentos, procurou incessantemente destruir.(Diário de Noticias)
O casal gostava de se refugiar em Sintra, onde D. Fernando tinha comprado o abandonado Mosteiro da Nossa Senhora da Pena. Deve-se o atual patrimônio florestal da serra de Sintra a D. Fernando, que sempre foi apaixonado pela botânica, e à cumplicidade da condessa d'Edla. Como resultado, as plantações do Parque da Pena intensificaram-se por volta de 1869. Elise introduziu certas espécies arbóreas vindas da América do Norte e Austrália. O rei e a condessa tiveram o apoio do cunhado americano de Hensler, o silvicultor John Slade.
No meio do parque, a condessa iniciou a construção do chamado Chalet que ela mesma projetou em estilo das casas rurais norte-americanas. Mulher culta, dedicou-se com o marido ao patrocínio de vários artistas, entre eles o mestre Columbano Bordalo Pinheiro e o pianista Viana da Mota.
veja também http://www.parquesdesintra.pt/chaletdacondessa/
Vale a pena visitar e passar o dia entre os Jardins da Condessa e o Palácio da Pena, que agora têm ligação entre si. O Chalet também é uma pequena delicia .E se não sabe , fique a saber que os munícipes de Sintra têm entrada grátis aos domingos até às 13 h, podendo ficar o resto do dia em qualquer Palácio/Museu, contra apresentação do BI ou Cartão de Cidadão com residencia no Concelho...
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Saturday, April 7, 2012
aquella noche de estio
Quiero incursionar irreverentemente
en los rosales trasnochados,
que olvidándose del mundo esclavizado por el sol,
florecen en las sombras...
Quiero aromarme en la humedad
la poesía sutil y virginal de tu mirada
Intentar enhebrar un poema inolvidable,
con versos cuyos verbos no conjugo.
Robar la mágica caricia del rocio
y la indulgente sonrisa de los ángeles ...
la canción que alguna vez cantó,
tras su romance de ilusión, un cisne altivo...
Encontrarte definitivamente en el febril
laberinto de mis sueños.
o tal vez advertir, en algún sugestivo olvido,
en los rosales trasnochados,
que olvidándose del mundo esclavizado por el sol,
florecen en las sombras...
Quiero aromarme en la humedad
de aquella noche augural de estío
que puso tu corazón tan junto al mío...
Lograr desentrañar aquella historia
escrupulosamente oculta...
Arrugar esa carta que quizás escribiste.
Redescubrir tu rostro original
y dibujar apresuradamente en un papel
que pudo provocar aquel romance adolescente...
Intentar enhebrar un poema inolvidable,
con versos cuyos verbos no conjugo.
Robar la mágica caricia del rocio
y la indulgente sonrisa de los ángeles ...
la canción que alguna vez cantó,
tras su romance de ilusión, un cisne altivo...
Encontrarte definitivamente en el febril
laberinto de mis sueños.
que probable e increíblemente...
nunca has existido..
Um poema de Rodolfo aqui , que me trouxe muitas memórias... que talvez nunca tenham existido ...
Wednesday, April 4, 2012
num dia assim
numa aldeia assim
numa qualquer casa assim
numa outra porta assim...
empurrou um pouco a porta e espreitou para dentro do casebre minúsculo, os degraus de acesso cobertos pelas silvas, sem uso há muitos anosos tabiques de madeira que outrora compunham as divisões da casa encontravam-se quase intactos, formando uma "sala comum" onde se teria incluido a lareira térrea, dois quartos onde apenas cabiam as camas, o forro de madeira que constituia o tecto deixava entrever as telhas e o céu imenso...
estaturas de uma outra dimensão, humanos de uma altura muito inferior à que agora temos, vivendo com parcos haveres em condições hoje impensáveis, sem luz nem água , sem tudo aquilo que hoje consideramos um must...
trabalhavam a terra e comiam do que dela tiravam, agradecendo tudo o que o céu lhes dava, fosse o sol , a neve, a chuva ou o vento, nada compravam porque não precisavam (talvez apenas o sal ), as colheitas sucediam-se ao ritmo das estações sem que houvesse um qualquer subsidio, as doenças tratadas com as ervas do campo ou alguma benzedura do Cura, umas rezas das vizinhas e a fé, a fé que move montanhas.
Se naquela época houvesse subsidio de natalidade e abono de familia , decerto estariam todos ricos.!
Foi em Avelãs de Ambom, num qualquer dia assim
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