Wednesday, August 27, 2008

Rapaz do barrete verde



As Festas da Nossa Sra da Natividade são o maior acontecimento cultural da Freguesia, antes mesmo da elevação de Algueirão - Mem Martins a Freguesia em 1961.
Segundo relato feito pelo Professor Joaquim Fontes em conferência feita a pedido da comissão de melhoramentos de iniciativa da Rinchoa (26 de Setembro de 1943) ele define as Festas da seguinte forma:
' (...) A que aqui se realiza - a da Nossa Sra da Natividade - é um acontecimento local de grande importância. Caiam-se as casas, asseia-se tudo e as raparigas estreiam fatos novos. Êles querem encorporar-se todos na procissão, aonde vão com a maior compostura. São quasi todos festeiros. As oferendas de trigo, de azeite, de cêra e galinhas são frequentes. Os cargos têm grande pitoresco. Consistem êstes num certo número de bolos feitos com farinha de trigo (um alqueire ou meio alqueire, conforme a promessa), açucar, limão, canela, e pinceladas por fora a gema de ôvo. A êsses bolos dá-se o nome de fogaças. Há as redondas e elípticas, com os bordos multilobulados. Na sua face superior há um enfeite serpentifome. Esta figura ofidica representa vestígio de um culto pré-histórico, há muito perdido. O povo não sabe o que quer dizer aquele desenho.
São as fogaças colocadas numa armação de madeira a que dão o nome de cepo. Êste consta dum pau arredondado, mas de diâmetro sucessivamente maior de cima para baixo. A sua altura varia entre 0.8m e 1m. O todo assenta sobre uma base mais ou menos floreada. Aqueles têm diferentes alturas, conforme o tamanho das fogaças, que se prendem à haste vertical por um dos seus bordos, com uma fita. Sobre as rodelas de madeira colocam-se as de forma arredondada. O cepo é forrada de papel de seda, depois tudo é envolvido por largas fitas de seda, de cores variadas. Na extremidade superior espeta-se uma maçã e nesta, em forma de pendão ou bandeira o registo de Nossa Sra da Natividade. Quatro arcos de flores de papel e envolvem a maçã. O cargo tem direito a uma medalha especial.
Na manhã do primeiro domingo de Setembro, a música percorre as ruas de Mem Martins, apresenta cumprimentos ao juiz e faz a recolha dos 'cargos' que são conduzidos em procissão à capela no Rossio da Fonte. Então uma mulher transporta-os à cabeça, acompanhada por um homem, todos asseados, fazendo brilhar ao sol as medalhas dos festeiros, ricas às vezes em ornamentação.
Depois os 'cargos' são benzidos e leiloados à porta da capela as respectivas forgaças. Eu não gosto dêstes bolos mas há quem os aprecie muito. Atingem às vezes bem bom dinheiro.
É na romaria e nos bailes que se arranja namôro. Nas Mercês, é no muro do derrete, nas outras elas põe-se a um lado e eles no outro encostados ao varapau. Êle lá vê a que lhe agrada e parece que lhe será correspondido. Pisca-lhe o ôlho, a que ela corresponde com um aceno de cabeça. Assim o diz essa cantiga':

' (...) Rapaz de barrete verde
Precisa de cara partida
Por baixo da sobrancelha
Pisca o olho a rapariga (...) '

6 comments:

Violeta said...

e eu que só comi uma sopita...
bjocas

greentea said...

e eu que só bebi um batidinho...

vida de vidro said...

E ainda é assim hoje? Gostei muito dessa descrição. **

Espaço do João said...

Gostava de ser o rapaz de barrete verde. Ai os anos...Já pesam um pouco e, não dava para grandes caminhadas. Beijos João.

greentea said...

vida de vidro

tens a resposta no post de hoje ...

greentea said...

joão

ainda estás muito atrevido , vê lá se te acontece como o rapaz do barrete verde ...

E porque não trazes a tua Maria até à Feira das Mercês ?