Friday, November 9, 2007

filhos de uma mãe menor....




Angelina já ia nos sessenta anos e dois filhos. Fora sempre superprotegida pelos pais e quando um dia disse à mãe que estava grávida resolveram que o melhor para todos era ficar na mesma casa. O casamento realizou-se estava quase a criança a nascer, sendo que o pai era o pároco da freguesia... Amores antigos, a necessidade de protecção de um "pai", de um homem mais velho que a protegesse e orientasse, ele próprio habituado às benevolências das paroquianas que ora lhe levavam o almoço, lavavam a roupa ou limpavam a casa. Acomodou-se assim em casa da sogra, já viúva, não precisando de fazer qualquer despesa com mobiliário e enxovais , gastos desnecessários , segundo ele, avaro por natureza e sabendo de antemão que a boa sogra continuaria a tratar da casa, das compras , dos comes e bebes e ainda dos netos que estavam para vir.

Quando a esposa começou a falar em procurar emprego e recomeçar a trabalhar, já o menino ia nos seus três anos e havendo dificuldades financeiras no casal, que a sogra continuava a sustentar, surgiu outra gravidez... Ela continuou em casa por mais dois anos, para tratar do bebé que à noite dormia sempre no quarto da avó.

Passaram-se muitos anos desde então, os rapazes cresceram e casaram; a avó morreu (em grande parte de desgosto recalcado) e ela teve de começar a ir às compras -uma canseira! - e a fazer as refeições , tratar das roupas etc e tal, a mulher a dias a pesar no orçamento mas ela coitadinha não sabia, não podia, não tinha tempo, nunca estivera habituada ( a mãe fazia-lhe tanta falta ).... e tinha o seu estatuto de assistente social numa Instituição bem conhecida.

Ontem , ouvi-a a lamentar-se mais uma vez por causa do trabalho, do director, dos filhos, da casa, das roupas e não sei mais do quê : os filhos já divorciados voltaram de novo ao lar-doce-lar.

Pernoitam em casa, não fazem lá as refeições, o mais novo é gestor informático mas lava e passa a sua própria roupa, o mais velho põe na lavandaria que está a fazer o doutoramento e dá aulas e ela queixa-se e conta um rol de lamentações sem fim!


Quantas mães quereriam ter uns filhos como estes ???

Não é certo que os deuses escrevem direito por linhas tortas? Não lhe pregaram a partida do retorno dos filhos a casa, tal como ela própria fez com a mãe , para saber como é, para dar o valor , para crescer e deixar-se de lamentações, vendo os lados positivos da vida e deixando de encarar tudo com negatividade e com egoísmo? Percebi que ela está à beira de um ataque de nervos, mas vistas bem as coisas nem sequer tem motivos para isso!


Tenham um bom dia, sem amarguras nem recalcamentos!

12 comments:

125_azul said...

Sim, resta-nos um bom dia, já que certas pessoas vivem presas às contas do seu rosário de amarguras...
Beijinhos, as melhoras e fim de semana feliz!

Pitanga Doce said...

Tens a certeza de que esta mulher é deste século? Nesta vida é tudo a andar, uns filhos saem , outros voltam e os netos a te precisarem, e o chefe sempre quer mais, e estamos todos no mesmo barco. E entãããõ..."é preciso saber". hehee

beijinhos Greentea. ( quanto ao teu comentário lá em casa, gritar não seria má idéia.)

greentea said...

125
é um fado que elas vão desfiando e só vêm o negativo ...


já estou a ficar melhor ...decerto foi do chá !

bfs e cuidado com as italianas !

greentea said...

pitanga

a mulher nasceu no seculo passado como todas nós...


já lhe expliquei para queimar uns incensos prácalmar, comprar uma rosa de jericó, dar um calmante ao marido ou tomar ela um frasco inteiro...

bem , deixa-me ir que a miss green "suplicou" que lhe marcasse uma depilação às axilas e prá semana tem teste, vai ficar a estudar na fac e tem uns anos amanhã à noite...

vê só o meu drama!!!!

grita, grita que às vezes faz bem ou vai a um jardim e abraça uma árvore e verás a energia q te dá...

Maria said...

Tou fora, hehehe
Tenham um bom fim de semana
Beijos

Espaço do João said...

Olá Greentea.
Pelos vistos pouco passas pelo meu Espaço. Dá uma olhada e vê se consegues reconhecer-me. Não vou perguntar em que ano nasceste, pois segundo as regras da boa educação não me permitem. O sermos do século passado não quer dizer sermos da mesma idade, até tenho um neto nascido no passado século. A tua pergunta é um tanto pertinente, pois até já encontrei um amigo na Austrália. Não sabia dele desde os tempos da instrução primária. Coisas que a vida tece. Fiquei cheio de curiosidade. Um abraço e boa saúde João Sousa.

jorge esteves said...

Diz-se-me a Vida que os laços de família... são ponto sem nó!

Abraço.

Espaço do João said...

Olá Greentea. Depois de te mandar um e-mail fiquei curioso e fui procurar mais sobre a tua missão em terras de Diogo Cão, (se a memória não me falha ). Já reparas-te o que a nossa amiga Anete nos fez? Graças a ela e à blogosfera o mundo trouxe-nos esta surpresa agradável.Estarei com mais atenção ao teu espaço. Sabias que vivi em Mem Martins e nas Mercês? Havemos de nos encontrar para comemorar este evento. Um Beijão do João Sousa.

amigona avó e a neta princesa said...

Conheço várias pessoas assim...sempre considerei que a Vida passa por elas sem elas darem por isso sempre a olhar para oseu umbigo! Beijo...

Hindy said...

Beijinho hindyado

a d´almeida nunes said...

E o problema é que, na actualidade, cada vez mais corremos o risco de situações como esta ou similar.
Há dias, no decorrer duma consulta com o meu médico de família, dizia-me ele, que é tudo uma questão de ir acompanhando a evolução das mentalidades, dos novos tempos que vão surgindo e que nós, à medida que camos envelhecendo, vamos tendo mais dificuldade em compreender e aceitar com naturalidade.
Pois - disse-lhe - eu consigo perceber que os tempos estão diferentes, que as famílias já começam a transformar-se numa mescla de pais com filhos de mulheres diferentes, casados com mulheres com filhos de homens diferentes, bla, bla, bla.
Mas, e quem zela pela estabilidade emocional das crianças criadas e mal orientadas que resultam destas comunidades, na maior parte dos casos?
Imaginava-me mais bem dotado psicologica e culturalmente para encarar estas situações com mais optimismo!
Bj
António

Maria Cristina Amorim said...

As histórias voltam sempre a repetir-se.
Beijos e bom fds.