Manhã cedo , saiu de casa. Sozinha. Foi direita à praia. Gostava de andar pela areia , de se sentar nas rochas a ler ou a olhar o mar, de mergulhar as pernas dentro da água.
A maré estava a encher , as ondas vinham de quando em quando, ela sentada no degrau, saboreando o prazer do sol e do mar . O sol estava quente e um mergulho sabia bem . A onda veio mais forte do que ela contava , caiu contra as rochas e só viu os seus chinelos a desaparecerem mar adentro, ninguém por perto...
Os da Maré Viva apareceram para lhe perguntar se estava bem e para lhe tratarem o joelho que sangrava - nada de grave .
E os sapatos ? os meus chinelos , como vou daqui para casa sem os chinelos ?
Fez o paredão a pé, descalça, atravessou a estrada , direita à Papelaria que ficava ao lado do Mercado. Na rua , as pessoas olhavam-na com surpresa...
Lembrou-se dos tempos em que ia para o Baleal , onde toda a gente anda descalça até à hora de jantar, lembrou-se dos chinelos que os meninos usam em África e lembrou que por vezes aquelas revistas da treta oferecem um par de chinelos na compra do exemplar...
E assim foi : entrou na loja descalça, perguntou se havia uns quaisquer chinelos e logo lhe trouxeram uns da caras por 2,90€, à conta para pagar com o dinheiro que sobrara do café e da empada, que para a praia não se leva dinheiro nem cartões ...
Apesar de detestar chinelos de enfiar no dedo , agradeceu ao Universo a tranquilidade de não ter de vir descalça para casa !!