

Foi-se instalando e adaptando às novas funções e aos novos hábitos. Rosa era uma pessoa tranquila, perspicaz e inteligente, gostando de ter a casa em ordem e da sua privacidade.

Ela e Rosa pediram para mudar de casa. Muitos a criticaram , por ir morar com a preta, mas as duas entendiam-se bem e em pouco tempo partilhavam as refeições e assim se habituou a novos paladares, às astúcias da cozinha africana e a saborear outros pratos que desconhecia. Através de Rosa pôde visitar a aldeia nativa ali perto, falar com as pessoas e conhecer aspectos da cultura africana que de outra forma estariam vedados à sua cara de branca, vinda de Lisboa. Nunca teve qualquer problema, apesar de se deslocar muitas vezes sozinha por tudo o que era sítio, porque as suas funções assim o exigiam. Por vezes , tinha mesmo de ir avisar o Segurança que ia sair no dia seguinte antes de terminar o recolher obrigatório e ouvia-o dizer com um sorriso : “na senhora ninguém atira, não”…

