Sunday, January 17, 2016

Trilhos do patchwork

 Os dias correm lentos e desesperantes, contraditórios nas noticias que nos trazem; são dias dificeis que os outros não entendem e se afastam alguns. Outros demonstram uma ligação ainda mais profunda, mais verdadeira, mais amiga. São esses os verdadeiros amigos que nos acompanham ao longo de toda a nossa vida, nos bons e maus momentos, na saúde e na doença, na vida e na morte, na alegria e na tristeza. Com eles construímos uma parte de nós. Nem sempre é fácil, claro
 Talvez tão pouco fácil como fazer patchwork, combinar as cores, escolher os tecidos, cortar, coser, acolchoar e finalizar a peça, o cortinado ou a simples almofada.

As relações das pessoas, entre as pessoas, são também um pouco assim. Escolhe-se, acerta-se, afina-se, descose-se e volta-se a pontear com a agulha e a linha para conjugar os tons, os anseios, os trilhos de cada um.
Por vezes chega-se a um trilho sem saída, é preciso voltar atrás e recomeçar, é preciso dar o salto , tentar tudo por tudo, descer ao fundo das trevas para renascer outra vez. Nem sempre as opções são fáceis, por vezes deparamo-nos com abismos intermináveis à nossa frente quando pensávamos que a planície estava ali já, o areal sem fim e o mar à vista. Ilusão de óptica ou demasiadas expectativas criadas.
O trilho continua lá. É preciso segui-lo porque o caminho faz-se caminhando, sem dúvida. Goradas aquelas esperanças, construímos outras, apontamos para outro alvo, revigoramo-nos. Crescemos.

Quando a obra está acabada, começamos outra. É assim o patchwork. É assim a nossa vida.